Sem categoria

Livro mostra legado chinês na cultura cubana

Em junho de 1847 chegaram os primeiros chineses a Cuba. Em menos de três décadas entraram outros 150 mil, que foram deixando vestígios em Cuba, seja na linguagem, no trabalho, na medicina, nas comidas e nos costumes. O pesquisador Sergio Valdés Bernal, qu

Lá, encontramos frases como: “não acreditar em velório chinês” (desconfiança), “colocá-la na China” (difícil), “ficar na China” (não entender), “procura um chinês que te dê um quarto” (procurar um namorado). Outras palavras: feijão, palitos, corneta, jogo do bicho chinês e até chulampín, vinculada com a voz chulo “cafetão”, corrupção do nome de um mandarim do século 19, Chin Lam Pin.



A influência dos cozinheiros chineses e dos produtos utilizados por eles é mais importante e decisiva do que podemos imaginar. Talvez a mais autêntica comida criada em Cuba seja o famoso arroz frito (invenção cubana concebida por chineses em Havana). Não é verdade que é uma invenção importada pelos chineses de San Francisco, porque nessa cidade  não existe o arroz frito em nenhum restaurante chinês e muito menos em Nova Iorque, onde servem uma espécie de arroz com ervilha e alguns pedacinhos de carne.



O primeiro pequeno restaurante chinês, segundo dados do pesquisador José Baltar, data de 1859, feito por Chung Leng, na rua Zanja esquina de Rayo, no Bairro Chinês, o mais famoso da América Latina. Um ano depois, o Bairro é reanimado com a chegada de novos imigrantes pela via de San Francisco, Califórnia. Eram comerciantes já especializados e com algum capital. Em 1870, eles inauguraram a casa de produtos asiáticos com a firma de Lam e Lay.



As condições já estavam criadas para que, em 1874, surgisse o primeiro restaurante chinês com comida asiática, adaptada ao gosto ocidental. Os chineses tão econômicos e práticos, usavam os miúdos de outras carnes: frango, porco, camarões, lagosta, carne defumada, chouriço da China, cebolinha, fritada picadinha, molho à base de soja: tudo vertido sobre o arroz bem seco e solto. Depois lhe aplicavam feijão da China, que aumenta o volume e dá um novo sabor ao prato. Fogo forte, dinâmico, na frigideira, para que os produtos não percam seu suco e sabor.



Uma comida das classes humildes que depois se tornou dona dos intelectuais, boêmios, artistas aventureiros e passou à aristocracia. A meca do arroz frito foi o Mercado Único, nas redondezas da Esquina de Teja. Engrandeceu-o o restaurante El Pacífico, o mais famoso do Bairro Chinês. Foi construído na década de 1920, com quatro andares e um estilo eclético, na rua de San Nicolás, entre Zanja e Dragones. Para os comensais foi concebido um cardápio chinês. A especialidade era arroz frito, pipocas fritas, sopa de milho ao creme, rolinhos primavera com talharins e raviólis, sopa de arroz e muito chá.



O restaurante contava com reservados e um bar, um teto corrediço com enormes janelas que davam a sensação de estar num enorme iate, de onde era divisada a entrada dos navios na baía.



Fonte: Granma