Sindicalistas paraenses saem da CUT para construir uma central classista

Prezados companheiros:

 
Tendo em vista o cenário político sindical e após decisão tomada pela 7ª encontro Nacional da Corrente Sindical Classista, nos dias 28 a 30/09/ 2007 em SALVADOR-BA que deliberou por unanimidade a saída da CSC da Central Única dos Trabalhadores, por entender a necessidade  de uma central que seja o pólo de unidade dos trabalhadores com independência e autonomia de acordo com os pontos abaixo:
 
A CUT nasceu, em 1983, como uma central combativa, que apostava na luta e defendia propostas radicais em benefício dos trabalhadores. Na sua trajetória foi alterando seu comportamento, passando adotar posições mais moderadas, afastando-se das posições de classe e assumindo cada vez mais uma feição social-democrata.

O “acordo da Previdência”, em 1996, pode ser considerado um marco deste movimento, no qual a Central perdeu a combatividade e no terreno das concepções sindicais passou a defender o chamado sindicato cidadão, dando ênfase ao tripartismo, câmaras setoriais e à negociação, deixando em segundo plano a mobilização e a luta.
 
Ao tempo em que mudava de postura acentua-se o hegemonismo da força majoritária, reforçando a partidarização da CUT. As concepções liberais acerca da organização sindical, dominantes na direção, em especial a proposta de sindicato orgânico, convergem no mesmo sentido.

Uma trajetória que se dissocia da forte pressão ideológica do capitalismo neoliberal em âmbito mundial, traduzida no chamado pensamento único, que se tornou amplamente hegemônico após a derrota do socialismo no leste europeu.
 
Após a eleição de Lula, ao invés de se abrir e ampliar sua influência entre os trabalhadores, aproveitando o novo espaço que se abria, a CUT reforça o hegemonismo e tendência à institucionalização, comprometendo a sua autonomia e se afastando das bases.

A luta sempre foi travada dentro da CUT, porém as idéias mais avançadas nunca prevaleceram em função das concepções exclusivistas e antidemocráticas da força majoritária. O exclusivismo impediu que a Central se transformasse num instrumento aglutinador de todas as forças que atuam no movimento e de unificação do sindicalismo nacional
 
Diante desse fato nós, membros da direção estadual da CUT Pará, de sua Executiva Estadual (Vice Presidência e suplência), Diretoria Efetiva (titulares e suplente) e do Conselho Fiscal (titular), abaixo relacionados, vimos ratificar nosso desligamento da CUT Pará, a partir de 24/10/2007, conforme nossa comunicação na reunião ordinária da Central, realizada naquela data.

Reafirmamos nossos compromissos de luta e defesa dos interesses dos trabalhadores, sobretudo, do nosso desejo de ter esta Central como nossa aliada nas lutas em defesa dos direitos da classe trabalhadora.
 
No mais queremos agradecer todos os companheiros (as) com quem convivemos esse  últimos anos. Para nós foi uma grande satisfação a construção de laços de amizade. Estamos saindo da CUT, mas nossa amizade e carinho continuam com todos, por isso, adiante nos encontraremos no fogo da luta dos trabalhadores.

Convicto que estamos trilhando novos caminhos da independência e pela democracia, renovamos os votos de estima e apreço.
 

Signatários deste Documento:

José Marcos de Lima Araújo   (Executiva)
Raimundo Moacir Martins   (Executiva)
Cleber Rezende dos Santos   (Diretoria Efetiva)
Luiz Gonzaga Oliveira de Almeida (Diretoria Efetiva)
Andrelino Trindade de Jesus   (Diretoria Efetiva)
Vera Lúcia Lacerda           (Conselho Fiscal)

Atenciosamente,

José Marcos de Lima Araújo
Coordenador Estadual da CSC – Pa