Estatuto de Kosovo aumenta tensão nos Balcãs

Um militar português a serviço das Nações Unidas na província sérvia, entrevistado pela mídia de seu país, foi muito crítico à intenção de separar a região do controle da Sérvia. O major-general Raúl Cunha diz que a ONU tomou partido no conflito, que há interesses de alguns países na região e acredita que se ocorrer a separação, Kossovo “não é um país viável”.

O anúncio da eleição na Sérvia foi feito na última quarta-feira (12) pelo presidente do Parlamento, Oliver Dulic. No momento em que as negociações sobre o futuro da província falharam, o executivo sérvio abriu um departamento do governo, em Mitrovica, uma cidade em que sérvios e albaneses vivem separados por um rio, cuja fronteira é controlada pela polícia internacional.

As Nações Unidas já se pronunciaram sobre o caso, alegando que a presença de membros do governo sérvio ali “é uma provocação”. A data limite das negociações terminou em 10 de novembro, sem qualquer efeito. Os analistas locais afirma que qualquer movimento dos kossovares albaneses no sentido de separar a região da Sérvia porá em causa a paz na região, que está sob a administração das Naçoes Unidas desde os ataques da Otan em 1999. No terreno estão cerca de 16 mil homens.

Com receio de um aumento da instabilidade, a União Europeia prepara-se para enviar mais mil e 600 homens para a região, numa missão de “supervisão”. O primeiro-ministro sérvio, Vojislav Kostunica, disse na última terça-feira que a missão “é ilegal” e ameaça cortar as relações com Bruxelas.

Apesar da mediação da tríade composta pela União Européia, Estados Unidos e Rússia, os kossovares não aceitam a oferta sérvia, que concede uma ampla autonomia, mas recusa a separação. Os kossovares albaneses garantem que vão declarar a “independência” de forma unilateral e irredutível.

O estatuto do Kosovo voltará a ser debatido no Conselho de Segurança da ONU na próxima quarta-feira (19).