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Brasil, Chile e Bolívia lançam corredor interoceânico

Os presidentes da Bolívia, Brasil e Chile lançam hoje o projeto para a construção de um corredor interoceânico de 4.700 quilômetros, que interligará o Atlântico com o Pacífico, em um dos projetos mais ambiciosos de integração sul-americana.

O documento será firmado na noite deste domingo (16) em La Paz por Luiz Inácio Lula da Silva, Michelle Bachelet e Evo Morales e incluirá não apenas o compromisso de executar a obra, mas também os investimentos financeiros de cada país e um cronograma de execução do projeto.



Espera-se que o corredor seja inaugurado em 2009. Lula chegará uma hora e meia depois e permanecerá na Bolívia até segunda-feira, com uma agenda cujo tema fundamental é a integração energética.



O corredor interoceânico que unirá os portos de Santos (Brasil), Iquique (Chile) através do território boliviano permitirá que os custos de transporte entre ambos oceanos sejam mais baratos e menos demorados, segundo estudos do projeto.



Calcula-se que levar entre ambos portos um contêiner custará US$ 1.200,00 e demorará quatro dias contra os atuais US$ 1.900,00 e até 45 dias que demoram atualmente por via marítima.



A Bolívia se tornará assim o ponto de comunicação e completará o vínculo viário entre as regiões andina e amazônica.



A visita da presidente Bachelet a La Paz marcará também outro avanço no processo à normalização das relações diplomáticas entre a Bolívia e Chile, interrompidas desde 1978.



Durante sua curta estadia em La Paz, a presidente será declarada hóspede ilustre e receberá as chaves da cidade.



Bolívia e Chile atualmente mantêm um diálogo bilateral baseado em uma agenda de 13 pontos em busca do restabelecimento das relações marcadas por uma divergência marítima datada de 1789, quando a Bolívia perdeu seu litoral sobre o Pacífico após uma guerra que envolveu também o Peru.



A visita de Lula, por sua vez, relançará os projetos de integração energética que haviam ficado congelados após a nacionalização dos hidrocarbonetos e a devolução ao Estado boliviano de duas refinarias que a Petrobras tinha na Bolívia.



Lula e Morales firmarão acordos pelos quais a Petrobras retomará seus investimentos para aumentar a produção em pelo menos oito milhões de metros cúbicos ao dia nos campos em atual exploração.



Os investimentos estimados em US$ 750 milhões estarão destinados também à exploração e exportação em sociedade com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).



Entre os acordos está o compromisso da petroleira brasileira de pagar à boliviana, com retroatividade para maio, US$ 180 milhões pelos componentes propano e butano que inclui o gás natural que compra a Bolívia.



Os presidentes firmarão também um acordo de intenções para a criação da primeira empresa de industrialização de gás natural na Bolívia, entre as empresas Brasken do Brasil e a YPFB.



Na segunda-feira, o presidente Lula receberá de seu anfitrião El Cóndor de Los Andes, a máxima condecoração que entrega o governo boliviano, e retribuirá a atenção com uma semelhante medalha concedida pelo Brasil.
Ambos presidentes também disputarão uma partida de futebol.



No encontro, programado para segunda às 15h40 locais (19.40 GMT), o presidente jogará como local, pois a quadra de dimensões reduzidas onde ocorrerá o jogo fica na sede da residência do embaixador brasileiro em La Paz.