Para PC Colombiano, país precisa superar a psicose da guerra
Reconhecer a insurgência como força beligerante é uma proposta razoável. A negação do contrário é uma atitude irracional. A classificação de “terroristas” para as organizações guerrilheiras colombianas foi imposta pelo governo dos EUA. Junto com o Plan
Publicado 16/01/2008 12:22
A política de “segurança democrática” se fundamenta na teoria de que na Colômbia não existe um conflito armado político e social, mas sim uma “ameaça terrorista”. Em 2008, o governo triplicou o orçamento de guerra para custear a ofensiva contra-insurgente. Não existe uma política de paz, apenas de guerra. Uma nova lei pretende converter a contra-insurgência e a repressão social em política institucional.
A libertação de Clara e Consuelo mostra feitos novos. Não somente a esperança de libertação para pessoas em poder da insurgência. Para vários governos da América Latina, na Colômbia há um regime surdo, cego e insensível ante a dor humana e frente ao imperativo de uma saída NÃO militar ao conflito em vigência. Esse regime se nega a reconhecer tal conflito e a seus contraditores políticos insurgentes.
Simultaneamente, tenta dar status político aos chefes dos esquadrões da morte vinculados ao narcoparamilitarismo. Além disso, a extrapolação da “segurança democrática” aos países limítrofes e a corrida armamentista estimulada pela “ajuda militar” unilateral dos EUA estende a preocupação da situação colombiana para o resto do continente.
Auxiliar o fim do regime colombiano se converte em uma prioridade para a América do Sul e para as áreas vizinhas. Trata-se de abrir uma janela para a solução política NÃO militar de um problema real e inegável. O drama humanitário é sua faceta mais aguda.
O ex-presidente Pastrana, que disse que o pedido de Chávez é “uma chantagem”, dialogou com as Farc e o ELN nessa condição. O retrocesso que vivemos pela busca da paz é evidente.
França e México reconheceram o FMLN de El Salvador, em 1982. Desde então uma solução dialogada, negociada entre as partes, e apoiada internacionalmente, foi possível.
* Jaime Caycedo é secretário-geral do Partido Comunista Colombiano