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Pesquisa: 82% dos foliões defendem Carnaval fixo em março

Em cada dez agências de viagens, oito perderão dinheiro por causa do Carnaval no início de fevereiro, segundo uma pesquisa feita pela Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) do Rio, com donos de três mil empresas especializadas em todo o país.

Eles apontam motivos variados: para 52%, falta tempo na venda dos pacotes turísticos, 30% indicam o encurtamento da temporada de férias como fator prejudicial e 18% afirmam que o movimento diminui porque os turistas estão descapitalizados por causa da proximidade com o Ano Novo.


 


“O Carnaval hoje é uma indústria. Não faz sentido que essa indústria fique atrelada a um calendário estabelecido no ano de 590 d.C.”, afirma o pesquisador da folia de momo Hiram Araújo, árduo defensor da nova data.


 


“Estou em busca de um deputado que encampe essa idéia e crie o projeto de lei fixando os desfiles no primeiro domingo de março”, afirmou.


 


Araújo calcula que a economia carioca deixe de movimentar R$ 1 bilhão por causa do Carnaval no início de fevereiro. As escolas perdem um mês de ensaios nas quadras – ingressos e vendas de bebidas são renda importante para as agremiações- e também têm dificuldades de comercializar fantasias porque os foliões ainda estão endividados com o Réveillon e os compromissos do início do ano – Impostos sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Predial e Territorial Urbano (IPTU), além de matrícula escolar.


 


Além disso, perdem ainda as agências de viagem e o setor de turismo receptivo – restaurantes, hotéis, guias locais, pontos turísticos, como Corcovado e Pão de Açúcar.


 


“Do jeito como está, as famílias não têm tempo de se programar financeiramente”, afirma o presidente da Abav do Rio, Luiz Strauss. “As agências venderão 30% menos do que em relação ao carnaval passado”, calcula.


 


“Não tem sentido uma atração mundial ficar dependente de um calendário flutuante”, faz coro o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), Alfredo Lopes.


 


“Optar pelo desfile fixo, sem dúvida alguma, seria o ideal. Assim como seria ótimo para o turismo as férias escolares desencontradas em Rio, Minas e São Paulo. Os parlamentares precisam pensar o turismo”, disse.


 


Escolas apoiam mudança


 


As agremiações também apóiam a mudança. “Desfile de escola de samba é um show pago e muito bem-pago. Não estamos falando em alterar o calendário religioso, mas marcar uma data para o show das escolas de samba”, afirmou o carnavalesco Max Lopes, da Estação Primeira de Mangueira.


 


Já o carnavalesco Laíla, da Beija-Flor de Nilópolis, diz que as escolas fazem o impossível para manter o brilho da festa, apesar de o “dinheiro ser mais curto”.


 


“Com mais 20 dias, poderíamos fazer um trabalho melhor. Mas acho a mudança difícil. É preciso respeitar o lado religioso”, disse Laíla.


 


Fonte: UOL