Lobão é confirmado como ministro e nega risco de ''apagão''
Como já era esperado desde o final do ano passado, o Planalto confirmou nesta quarta-feira (16) que o senador Edson Lobão (PMDB-MA) será o novo ministro de Minas e Energia. A cerimônia de posse será na próxima segunda-feira (21) e Lobão já
Publicado 16/01/2008 22:13
O nome de Edson Lobão foi indicado pelo PMDB. A pasta era ocupada anteriormente por Silas Rondeau, também uma indicação do partido, que cobrava uma definição para o ministério.
O anúncio foi feito na noite desta quarta-feira (16), em Brasília, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde maio do ano passado, quando Rondeau deixou o cargo após suspeita de envolvimento em esquema de desvio de recursos públicos desarticulado pela Operação Navalha, da Polícia Federal, o Ministério de Minas e Energia estava sob o comando interino de Nelson Hubner, que era o secretário-executivo.
Até agora, a investigação não conseguiu comprovar o envolvimento de Rondeau nas denúncias. Diante dos vários indícios de que não teve envolvimento com os fatos investigados, cogitou-se inclusive que o próprio Rondeau reassumisse o ministério, mas o Planalto avaliou que o ministro seria refém eternamente das chantagens e da pressão da imprensa e preferiu buscar um novo nome para a pasta.
Até o começo de outubro, Edson Lobão era senador pelo DEM (Democratas) quando mudou para o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) por sugestão de seu padrinho político e amigo pessoal José Sarney (PMDB-MA). As negociações para que ele fosse escolhido para substituir Silas Rondeau foram intensificadas em seguida.
Desmentir a ''crise'' do apagão
Uma das primeiras tarefas do novo ministro é tentar convencer seus amigos da mídia a suspender a campanha de fabricação da chamada ''crise energética''. Há dias, a imprensa anti-Lula, setores do empresariado que alimentam interesses inconfessáveis e a oposição vem batendo na tecla da suposta iminência de um ''apagão'' energético.
Mesmo com todas as autoridades do governo e especialistas sérios dizendo que não há este risco, a suposta ameaça de ''apagão'' continua ganhando os editoriais de todos os principais veículos de comunicação.
Hoje, questionado sobre o assunto, o próprio Lobão tratou de desmentir o boato. ''Não haverá apagão nenhum. As autoridades do ministério têm tomado todas as providências e nós temos que ser otimistas. Otimismo com responsabilidade'', afirmou Lobão a jornalistas logo após anunciar sua própria nomeação, ao lado do ministro das Relações Institucionais, José Mucio Monteiro.
O novo ministro também reagiu às críticas à falta de experiência no setor e de ter sido nomeado apenas por critérios políticos. ''Este ministério já teve 11 ministros políticos. Eu não sou um técnico, sou um político e sou um administrador. Um administrador capaz de formar a sua equipe'', afirmou.
''Um administrador muitas vezes enxerga exatamente onde um técnico, que é tão útil, não enxerga. O presidente quando tem que nomear um ministro, imagina um ministro que saiba administrar e não exatamente um técnico para tomar determinada providência'', completou.
Lobão também afirmou que o ministro interino Nelson Hubner deve deixar o ministério, pois teria dito que tem novos projetos. E anunciou a característica da sua equipe.
''Vou formar a equipe mais competente possível, sem intenção de demolir o que se encontra lá'', disse o ministro, acrescentando que o PMDB será ouvido ''naquilo que for razoável de suas indicações''.
Trajetória à direita
O novo ministro nasceu em dezembro de 1936 em Mirador, cidade de 19,5 mil habitantes na região sul do Maranhão. Formou-se em direito e exerceu as atividades de advogado e jornalista. Seu currículo inclui passagens pela Rede Globo, pelos jornais ''Correio Braziliense'' e ''Última Hora'' e pela revista ''Maquis''.
O senador está na vida política desde 1979, quando foi eleito deputado federal. Reeleito, ficou mais quatro anos na Câmara. Depois foi senador (1987 a 1991), governador do Maranhão (1991 a 1994) e novamente senador – cargo que ocupa desde 1995. Em 2001, Lobão assumiu o comando do Senado como presidente interino por dois meses, após a saída de Jader Barbalho.
Em 1989, foi um dos três políticos que tentou organizar a campanha do empresário e apresentador Silvio Santos à Presidência da República. A tentativa durou menos de um mês quando o Tribunal Superior Eleitoral vetou o nome do empresário por problemas com a legalidade de sua filiação partidária ao nanico PMB (Partido Municipalista Brasileiro).
Na vida pública, foi filiado aos extintos Arena (Aliança Renovadora Nacional), PDS (Partido Democrático Social) e PFL (Partido da Frente Liberal, atual Democratas). Agora, está no PMDB.
Após a mudança de legenda, o DEM entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para cassar o mandato de Lobão. O tribunal negou o pedido, já que o senador tinha deixado o cargo antes de 16 de outubro – data estipulada pelo TSE para aplicar a resolução sobre fidelidade partidária.
Mesmo assim, o DEM pode acabar conseguindo de volta a vaga de Lobão. Isso por que seu primeiro-suplente é seu filho, Edison Lobão Filho, filado ao PFL do Maranhão e que deve assumir a cadeira do pai no Senado. Resta saber se Lobão Filho continuará filiado ao DEM mesmo após a feroz perseguição que lideranças do Democratas passaram a fazer contra o agora ministro de Minas e Energia.