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Suplente do DEM tenta mobilizar militares contra Lula

A presidente da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas (Unemfa), Ivone Luzardo, tem ganhado amplo espaço na mídia para falar da insatisfação das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) com os baixos salários dos militares e do

O alvo maior de suas críticas não deixa dúvidas de que as justas reivindicações das Forças Armadas são apenas mais um pretexto para que Ivone use a entidade que preside na tentativa de desestabilizar o Presidente da República.



 
“O objetivo da Unemfa agora é enfraquecer o partido do presidente até que ele deixe de existir. Vamos começar uma campanha para que os militares transfiram seus títulos para a cidade onde estiverem lotados e para que não votem nos candidatos do PT nas eleições municipais” disse Ivone na última sexta (11) à Agência Brasil.



 
O partido de Ivone, que se tornou conhecida por liderar manifestações em prol de melhorias salariais e de condições de trabalho dos militares, fez ampla campanha e votou contra a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) em dezembro passado, retirando R$ 40 bilhões dos cofres públicos. O fim da CPMF foi o principal argumento apresentado publicamente pelo governo para romper todos os acordos salariais firmados com servidores públicos em 2007.



 
Contudo, a Agência Brasil divulgou que, após consultar vários militares protegidos pelo anonimato, é Ivone mesmo quem tem legitimidade para falar em nome da categoria. Os servidores reivindicam a equiparação salarial com a Polícia Federal e o fim “do sucateamento das Forças Armadas”. Mas será também essa a principal motivação da presidenta da Unemfa?



 
Campanha pela desmoralização



 
Ao que tudo indica não. Na mesma sexta, ela disse que Lula e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, estão desmoralizados perante as Forças Armadas. A razão, segundo ela, seria o suposto descaso com que o governo vem tratando as dificuldades enfrentadas pelas tropas e a demora em conceder um reajuste real aos militares. A pergunta que fica é: por que a liderança não pensou nessa possibilidade quando fazia campanha contra a CPMF?



 
Que os servidores públicos não devam ser penalizados pela ausência de uma Reforma Tributária justa no país é mais do que aceitável, agora, que a presidenta da Unemfa pose de vítima depois de defender o esvaziamento dos cofres públicos é piada.



 
“Isso não vai ficar barato. Tem revolta de todo mundo e nós vamos reagir. Percebemos que o governo toma estas atitudes porque o militar tem o perfil da disciplina e hierarquia”, ameaça a disciplinada “democrata” Ivone à Agência Brasil.



 
Diálogo aberto



 
Ela também lembrou que, no dia 9 de outubro de 2007, o ministro Nelson Jobim recebeu representantes da Unemfa para discutir as reivindicações. “Ele nos disse que teria um estudo detalhado em 30 dias, que iria resolver o assunto. Nós dissemos que voltaríamos para saber uma definição”; e admite, “percebemos boa vontade, mas sabemos que não depende apenas dele. Depende também do ministro do Planejamento [Paulo Bernardo] e, principalmente, do presidente Lula.”



 
A assessoria do ministério confirmou que Jobim se comprometeu a voltar a conversar com a entidade, mas que não falou nada a respeito de apresentar qualquer detalhamento sobre o reajuste, limitando-se a comentar que a proposta do ex-ministro, Waldir Pires, serviria de referência. A proposta previa reajustes entre 27,62% e 37,04%, que seriam aplicados sobre o adicional militar, em duas parcelas, uma em setembro de 2007, outra em setembro de 2008. A medida traria um impacto de R$ 1,680 bilhão ao Orçamento.



 
No dia 31 de outubro de 2007, Jobim reconheceu na Comissão de Relações Exteriores e da Defesa Nacional da Câmara dos Deputados que a remuneração dos militares é inadequada e inferior à de grande parte dos servidores públicos. Também anunciou que, com a autorização do presidente Lula, iria começar a negociar o aumento com os ministérios do Planejamento e da Fazenda. O fim da CPMF, como queria Ivone, acabou por melar os planos de Jobim.



 
Alvo é Lula



 
“Quando um presidente ou um ministro abre a boca dizendo que vai resolver algo e quebra [sua promessa], perde a moral. O ministro [da Defesa, Nelson Jobim] está desmoralizado diante da tropa. O presidente Lula, então, nem se fala. Ele se desmoralizou de vez [diante dos militares]”, disse Ivone na última sexta (11).
A liderança diz ainda que o clima nos quartéis ficou insustentável após o Ministério da Defesa ter anunciado, na terça (8), que o aumento que vem sendo negociado desde 2007 não sairá antes da segunda quinzena de fevereiro.



 
Segundo Ivone, a categoria não entende a demora. Desde 2004, os militares obtiveram 33% de reajuste, o que classificam como uma mera reposição de perdas anteriores. “Ainda não há nenhuma proposta concreta. A cada dia o Ministério da Defesa apresenta um percentual, uma proposta que não se concretiza”, argumenta. Faltou citar que dessa vez a proposta não saiu com o apoio de seu partido, o DEM.



 
Ivone Luzardo agora anda às voltas com um manifesto, que segundo a Folha de S.Paulo desta quarta (16) foi somente impresso e distribuído em quartéis do RS, onde prega “manter as autoridades da área econômica e o presidente da República imobilizados, sem meios de locomoção terrestre e comunicações”.



 
Ivone quer insurgência



 
Segundo a Folha, embora oficialmente seja a entidade a responsável pelos protestos do dia 31, na verdade o que está sendo articulado é o chamado de “dia D”, uma insurgência contra o Presidente da República e alguns ministros.



 
Porém, um dos organizadores do “dia D”, o ex-capitão Luís Fernando Silva, desmentiu Ivone. “O protesto será ordeiro e pacífico e qualquer outro posicionamento vai depender da reação do governo”, declarou o ex-capitão. Segundo Silva, a idéia é organizar protestos em Brasília, Rio e duas outras capitais ainda não definidas.



 
O Ministério da Defesa também disse não reconhecer qualquer movimento de insatisfação das tropas. Apesar das declarações de Silva, Ivone continuou sustentando para a imprensa que o clima nas Forças Armadas é de insurgência e que o presidente Lula precisa ser imediatamente “imobilizado”.