Ceará não faz o bloqueio da febre amarela

O Estado do Ceará não tem como fazer o bloqueio das pessoas que vêm de áreas endêmicas, em que a febre amarela já fez vítimas. A informação é do secretário estadual da Saúde (Sesa), João Ananias, que, ontem de manhã, participou do “Encontro de Comunicação

Na ocasião, ele garantiu que não há possibilidade de existir a doença no Ceará e nem do tipo urbano, que tem como vetor o mesmo mosquito da dengue (Aedes aegypti), voltar a ocorrer no Brasil.


 


A afirmação, no entanto, não é sustentada por infectologistas. Eles admitem que o risco da volta do tipo urbano, embora remoto, ainda existe. Segundo o médico infectologista e diretor do Hospital São José, Anastácio Queiroz, os cearenses que não pretendem visitar áreas contaminadas têm muito pouco com que se preocupar. Contudo, reconhece que uma pessoa infectada que venha para o Ceará pode, ao ser picada por um mosquito Aedes aegypti, transmitir-lhe o vírus e este, ao picar outra pessoa, reiniciar o tipo urbano da doença.


 


 


Mas o infectologista destaca a pouca probabilidade disso vir a acontecer, pois a pessoa infectada deveria manifestar alguns sintomas e o vírus precisaria se multiplicar no mosquito antes de começar a ser transmitido a outras pessoas.


 


 


A discussão sobre a febre amarela, conforme Queiroz, vem se arrastando desde a década de 70. “Mesmo com toda essa polêmica, desde a década de 40 não tivemos casos da febre amarela urbana”, destaca.


 


 


O ex-secretário da Saúde diz que essa preocupação nunca vai deixar de existir, mas lembra que as pessoas devem se preocupar menos, pois a cobertura vacinal atual é muito melhor que no passado. “É normal que as pessoas fiquem apreensivas porque as áreas endêmicas continuam sendo visitadas e estão cada vez mais próximas das cidades”, explica.


 


 


Mesmo assim, lembra que a melhor maneira de garantir o fim da febre amarela é a vacinação. “O ideal era que todos pudessem ser vacinados. Mas como não há vacina disponível para todo mundo, deve ter prioridade quem vai viajar para áreas endêmicas. Depois, gradativamente, as demais pessoas poderiam procurar ser imunizadas”, diz.


 


 


Além disso, para ele, pior que o risco de transmissão da doença, seria se o pânico se instalasse na população. Atualmente, o Brasil é o maior produtor da vacina da febre amarela no mundo, com cerca de 30 milhões de vacinas doses, exportando parte dessa quantidade para outros países.


 


 


Bloqueio


 


 


Enquanto as autoridades de saúde de vários países se mostram cada vez mais preocupadas com a febre amarela, mantendo rígidas as barreiras sanitárias, obrigando brasileiros e visitantes a se vacinarem contra a doença, os estados brasileiros não exigem a vacina para locomoção entre áreas de risco e as que consideram a enfermidade erradicada.


 


 


O Ministério da Saúde somente recomenda fortemente a vacinação e ainda pede que as pessoas que não pretendem viajar evitem procurar os postos de saúde para este fim.


 


 


O Ceará, que considera a febre amarela erradicada desde 1938, age da mesma forma. O titular da Sesa, João Ananias, frisou que o Estado não tem como fazer o bloqueio das pessoas que entram e saem de seu território. Enquanto isso, nos postos de saúde a procura pela vacina tem sido grande.


 


 


A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, com ciclo de curta duração, causada por vírus. Sua transmissão se dá através da picada do mosquito infectado. A variedade silvestre é transmitida pelo mosquito Haemagogus. A contaminação em humanos, chamada urbana, pode ocorrer quando alguém não imunizado entra em uma área onde há foco da doença e é picado pelo mosquito. Ao retornar às áreas urbanas, pode servir de fonte para o Aedes aegypti iniciar um ciclo de febre amarela urbana. Não há casos registrados de transmissão de pessoa para pessoa, só através da picada do mosquito.


 


 


Fonte: DN