Sem categoria

Dama da moda mundial protesta contra o consumismo no SPFW

Ninguém queria perder a chance de ouvir e ver de perto uma das estilistas revolucionárias da moda do século 20 nesta quinta (17) no São Paulo Fashion Week (SPFW). A transgressora Vivienne Westwood, responsável por oficializar a influência do punk na moda&

Inovadora, Vivienne concedeu entrevista coletiva nesta quinta e conversou sobre o que anda produzindo no momento, dos manifestos que faz (sempre há um folheto na cadeira de seus desfiles, em Paris, sobre algum projeto no qual está engajada), sobre as eleições norte-americanas, sobre sua vontade de produzir menos, e melhor. ''Embora tudo que eu faça, sempre faço com muita qualidade'', frisa.


 


A última novidade da dama da moda mundial (ela é conhecida como ''Dame Vivienne'', por conta do título concedido pela rainha da Inglaterra) é uma parceria com a Melissa, responsável pela vinda de Westwood ao Brasil, onde participou de uma coletiva de imprensa no início da tarde desta quinta (17), no auditório abarrotado de jornalistas e convidados no Porão das Artes, no prédio da Bienal.


 


A estilista criou uma versão Melissa de seu sapato Mary Jane, da coleção de 2000 (com o relevo dos dedinhos na lateral e tudo), e estampou o forro do modelo Ultra Girl da marca. ''Sempre quis trabalhar com o plástico. Tentei nos anos 80, mas não deu certo'', contava ela, na abertura da coletiva, que contou com a apresentação de Lilian Pacce (que usava um corselet da estilista, de quem é amiga).


 


Com viagem marcada para a Amazônia, que diz ter muito interesse em conhecer, Westwood respondeu cerca de meia dúzia de perguntas selecionadas, mandadas por escrito pelos jornalistas. Comentou a famosa queda de Naomi Campbell do icônico sapato altíssimo azul de plataforma (''Na hora ela riu, porque é muito orgulhosa. Mas ficou brava comigo no backstage'') e soltou frases impagáveis, de quem não vive sem moda, mas não vive só dela.


 


Não ao consumismo


 


Sem medo de enfrentar a contradição – talvez com um prazer irônico por ela – Westwood vai contra a indústria ''mainstream'' da moda, da qual hoje faz parte, ao criticar o consumismo. ''Tudo o que eu posso dizer é: compre menos, escolha mais''. Alguns minutos depois, não titubeia em deixar claro que isso não quer dizer negar o exclusivismo da moda, o cultivo e exibição da elegância.


 


''É hipócrita que as pessoas ricas pareçam (ou se vistam) como pobres. Elas devem comprar coisas boas, mas menos coisas'', diz. E completa, mais adiante: ''Você não consegue oferecer algo para todos. O que você consegue oferecer é uma escolha''.


 


Defensora de bandeiras como o direito ao habeas corpus (um protesto contra a prisão de suspeitos de terrorismo no Reino Unido sem necessidade de acusação, tema de camisetas feitas em 2005), o manifesto da estilista terá uma leitura em forma de performance (com convidados brasileiros como Dudu Bertholini) na próxima sexta, no MAM, durante o SPFW.


 


As melissas de Vivienne (a versão de Mary Jane vale uma boa olhada) serão vendidas em março no Brasil e em julho, no resto do mundo, incluindo butiques da estilista.


 


Fonte: Folha Moda