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Casal Kirchner conquista apoio de antigos adversários

Dois meses após assumir a presidência da Argentina, Cristina Kirchner conta com a adesão inesperada de antigos adversários e vê a oposição enfraquecida. Roberto Lavagna, o candidato derrotado da eleição presidencial de 28 de outubro de 2007, concluiu u

Um antigo ministro da economia que havia sido demitido em 2005, Roberto Lavagna, que reivindica ser um herdeiro do peronismo, fez campanha como candidato de uma aliança que era integrada por militantes do Partido Radical e por peronistas que faziam oposição aos Kirchner. Durante a campanha, ele havia criticado o casal presidencial e a condução da economia, denunciando a escassez de investimentos no setor de energia, a manipulação da taxa de inflação e as relações estreitas com o presidente venezuelano Hugo Chávez.



“Este acordo não pode ser chamado de reconciliação, pois nunca houve batalha alguma, apenas divergências políticas”, explica Roberto Lavagna. Ele argumenta que não se trata de uma aliança com os Kirchner, e sim da “idéia de trabalharmos juntos”. Segundo ele, “as divergências continuam existindo até hoje”, mas, daqui para frente elas serão objetos de discussões no quadro do Partido Peronista. Este agendou as suas eleições internas para o início de junho, e na ocasião, Lavagna poderia se tornar o vice-presidente do partido liderado por Néstor Kirchner.



O antigo presidente expressou a vontade de modernizar o peronismo, de maneira que ele se torne “um partido do centro, progressista”. Para tanto, ele aspira a absorver outros opositores. Segundo o diário “Clarín”, negociações estão sendo articuladas com assessores diretos de Mauricio Macri, o prefeito de direita de Buenos Aires.



A oposição acusa Roberto Lavagna de “estar traindo o seu eleitorado” e denuncia um projeto hegemônico dos Kirchner. O antigo ministro havia atraído 16,9% dos votos para a sua candidatura à eleição presidencial, ou seja, mais de 3 milhões de votos. Ele havia se classificado na terceira posição, atrás de Elisa Carrió, a candidata católica de centro-esquerda, que agora desponta como a principal opositora aos Kirchner.



“Este governo tem muito dinheiro e com isso pode cooptar opositores”, contra-atacou o presidente do Partido Radical, Geraldo Morales, um antigo companheiro de chapa de Roberto Lavagna. O Partido Radical, o mais antigo da Argentina, encontra-se dividido e enfraquecido.



Entretanto, o antigo presidente peronista Eduardo Duhalde, um rival de Nestor Kirchner, considera que a associação de Lavagna com os Kirchner representa “uma boa notícia para todos os peronistas”. Hermes Binner, o primeiro socialista a ser eleito governador da poderosa província de Santa Fé, mostrou-se igualmente favorável a esta aliança, uma vez que “é uma boa coisa que os partidos se reorganizem”.



A popularidade de Cristina Kirchner, que foi eleita com mais de 45% dos votos, aumentou em 16% em janeiro, segundo pesquisa da universidade privada Torcuato di Tella. Contudo, esta também assinala que os argentinos tinham uma confiança maior na administração anterior do seu marido.