Augusto César Petta: “A importância de fortalecer a CTB”
Em dezembro do ano passado, em Belo Horizonte, foi fundada a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, para ocupar um espaço significativo, na luta dos trabalhadores brasileiros pela sua emancipação.
Publicado 08/02/2008 10:31 | Editado 04/03/2020 17:12
No sistema capitalista, impõe-se, independentemente da nossa vontade, a luta de classes, estando de um lado a burguesia e, de outro, o proletariado. Os interesses destas classes se opõem e se chocam, constantemente. A CTB, entidade classista, procurará representar, com toda força, os interesses do proletariado. O nosso entendimento é que faltava, no movimento sindical brasileiro, uma central sindical com essas características classistas.
Todos sabemos que, construir uma central sindical num país, com dimensões continentais, não é tarefa fácil. Exige um nível, de organização e de mobilização, muito forte. A CTB vive, atualmente, esse momento de afirmação, no cenário político e sindical do nosso país. A primeira reunião da Direção Nacional da CTB, realizada em janeiro, definiu um plano de atuação para, no período de três meses, desenvolver atividades que contribuam , com esse processo de afirmação da entidade.
Destacam-se nesse plano, por um lado medidas de organização e estruturação da Central, assim como atividades que possam inserir a CTB, na luta dos trabalhadores brasileiros. Essa luta, na concepção classista, implica na articulação da luta econômica, com a luta política e com a luta ideológica. Assim, a CTB, ao mesmo tempo que participa das lutas por melhores salários e condições de trabalho, participa das lutas políticas mais gerais e do debate ideológico que se desenvolve, fortemente, no país.
Entre as medidas relativas à estruturação, destacam-se o processo de reconhecimento legal da entidade, a filiação de sindicatos, federações e confederações à CTB, a sede nacional onde será implantada, o pessoal que será disponibilizado para o trabalho. O reconhecimento legal da entidade já está sendo encaminhado e depende , para ser integral, de ser aprovado pela Câmara e sancionado pelo Presidente da República, o projeto de lei que trata da legalização das Centrais Sindicais, no Brasil.
No que se refere à organização, o momento é de implantação das direções estaduais da CTB, das coordenações por setores da economia ou ramos de atividade, das diversas secretarias, dos coletivos de juventude, de gênero, de etnia, de meio ambiente e de outros relativos às políticas sociais.
Mas, de acordo com a concepção classista – mesmo considerando que é essencial, nesse momento, esse processo de estruturação e de organização – a CTB, para se afirmar , precisa atuar fortemente no curso dos acontecimentos políticos de nosso país, como já vem ocorrendo. No plano de atuação acima referido, a CTB estabeleceu como bandeiras prioritárias, a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, a Reforma Agrária e a inserção nas lutas que vão se impondo na conjuntura atual, tais como a Reforma Tributária, o fim do fator previdenciário, as questões relacionadas ao serviço público e ao servidor público, as manifestações relativas ao Dia internacional da Mulher – 8 de março.
Essa atuação nas questões políticas mais gerais, ocorre, juntamente com as outras Centrais Sindicais, e também, em nível da Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS. Relativamente à luta pela redução da jornada sem redução de salário, espera-se atingir um milhão de assinaturas, sendo que o lançamento da Campanha ocorrerá no dia 11 de fevereiro, em São Paulo.
Estas lutas consideradas prioritárias terão uma manifestação importante no dia Primeiro de Maio, que pretendemos que ocorra com grande mobilização dos trabalhadores. É importante que essa integração das Centrais Sindicais, nas lutas concretas dos trabalhadores, caminhe, no sentido da realização de uma Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – CONCLAT, com o objetivo de unificar as lutas e de criar uma Coordenação das Centrais. Essa Conferência, se bem organizada e bem convocada, poderá reunir de 3 a 5 mil trabalhadores. Com a existência de várias Centrais, a unidade da classe passará por essa Coordenação das Centrais , para que as lutas sejam unificadas.
Com a fundação da CTB, aquelas entidades sindicais realmente comprometidas em representar os interesses dos trabalhadores terão a possibilidade concreta de não só atuar no sentido das reivindicações mais específicas, mas também de se inserir, juntamente com outras entidades, na luta mais geral, pela construção de uma sociedade justa e democrática.
* Augusto César Petta é diretor do Sindicato dos Professores de Campinas e Região, do Centro de Estudos Sindicais e membro da Comissão Sindical Nacional do PCdoB