Brasil discute na Áustria combate ao tráfico de pessoas
O Brasil leva nesta quarta-feira (13) ao Fórum Global das Nações Unidas em Viena na Áustria, uma delegação com representantes do governo federal, do Ministério Público, da mídia, do meio acadêmico e de organizações não-governamentais de várias partes do p
Publicado 13/02/2008 18:22
Todos os integrantes vão trocar informações e experiências sobre como enfrentar o tráfico de pessoas em suas formas múltiplas, como a exploração do trabalho doméstico e do trabalho escravo.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, a especialista em Tráfico de Pessoas do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC) Marina Oliveira informou que todos os integrantes da comissão brasileira estão preparados, pois, desde 2007, a equipe participa de encontros relativos ao tema.
Ela ressaltou que, no ano passado, foi realizado um congresso em Brasília organizado pelo governo brasileiro e pelo Ministério das Relações Exteriores.
A especialista destacou conquistas recentes do governo brasileiro na área, como a discussão e aprovação do Plano Nacional de Enfretamento ao Tráfico, publicado por decreto presidencial no início de janeiro.
Segundo Marina Oliveira, o problema do tráfico de pessoas é preocupante, entretanto existem outros tipos de tráfico que não chegam ao conhecimento das autoridades. “O que a gente conhece é uma parte pequena desse universo que não se restringe à prostituição ou à exploração sexual infanto-juvenil”, alegou.
Ela lembrou que existem outros tipos de tráfico de pessoas, para serviços domésticos e trabalhos rurais.
De acordo com Marina, apesar de o aliciamento de pessoas para trabalho escravo representar uma forma de tráfico, durante muito tempo ninguém encarou o trabalho escravo como parte do problema.
“Esses trabalhadores são enganados e levados para um local onde ficam isolados e sem acesso aos documentos”, destacou.
Segundo o UNODC, esse tipo de tráfico acaba atingindo mais crianças e principalmente adolescentes que se movimentam de um estado para outro, muitas vezes para serem explorados sexualmente ou também para trabalhar como empregados domésticos.
Em 2002, a Pesquisa sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual (Pestraf) mapeou 241 rotas de tráfico interno e internacional de crianças, adolescentes e mulheres brasileiras, indicando a gravidade do problema no país.
Para Marina, o tráfico é bastante complexo e precisa de múltiplas linhas de ações para ser enfrentado. “É necessária uma resposta social, na área do trabalho, da saúde, da educação. Se não fizermos isso, não vamos conseguir enxergar os resultados” afirmou Marina.
O resultado final do fórum será uma declaração de princípios e estratégias de intervenção dos órgãos das Nações Unidas no tráfico de pessoas.
Segundo a especialista, a idéia é construir a partir dessa iniciativa um eixo de ação para que toda a sociedade possa atuar de maneira articulada.