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PSDB teme “erro de cálculo” na defesa da CPI

Aos poucos cresce nos bastidores do PSDB a percepção de que suas lideranças cometeram um erro de cálculo difícil de sanar ao assumirem como prioridade a convocação da CPI dos Cartões Corporativos. Em primeiro lugar porque a oposição não dispunha de inf

Em segundo porque os sinais são de que o Supremo Tribunal Federal (STF) manterá em algum grau de sigilo as informações sobre gastos com cartão do gabinete presidencial e da família do presidente da República. Ou seja, o governo terá a palavra final sobre o que poderá ser divulgado e aquilo que ficará encoberto pelo carimbo de secreto. Tudo em nome da segurança do Estado e da figura presidencial.
 


A percepção de que os tucanos podem ter armado uma arapuca política para si próprios começou a se materializar com a contra-ofensiva das forças governistas, até agora exitosa, de estender o foco das investigações ao período do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O vazamento de dados da Receita Federal sobre supostas irregularidades fiscais na prestação de contas do PSDB na campanha presidencial de José Serra, em 2002, deu o clic de alerta.
 


Alguns analistas do partido alertaram o comando tucano para a intensa mobilização da máquina do PT no governo em busca de informações específicas sobre compras realizadas com cartão ou outro tipo de gasto no governo anterior. Eles anotam que o ministro da Comunicação, Franklin Martins, pautou os ministérios para que identifiquem casos, personagens e documentos – no estilo clássico das pautas das grandes redações da mídia.
 


Isso significa, dizem esses analistas, que o governo disporá de um arsenal, fácil de encontrar nos seus próprios arquivos, com potencial capaz de jogar todo o ônus das investigações de uma CPI sobre os tucanos. Em contraste, a oposição não terá os meios políticos e legais para obrigar o governo a abrir o sigilo dos seus gastos. O partido, advertem, ainda lida com o PT como se tratasse com um adversário tradicional “e não a máquina de guerra política que ele verdadeiramente é”.
 


De fato, o material disponível nos gabinetes da oposição se resume, por enquanto, aos relatórios parciais e limitados do Tribunal de Contas da União (TCU) e no que foi possível arquivar do Portal da Transparência, antes que o presidente Lula mandasse retirar do site informações supostamente comprometedoras da sua segurança. Sabe-se agora, também, que os dados publicados no portal do governo referem-se a apenas 11% do total de gastos da presidência.
 


A discussão desse cenário nos bastidores é o que realmente está por trás das hesitações oposicionistas em relação à criação da CPI mista, na qual o governo controlará a maioria esmagadora dos votos. Na realidade, o PSDB e o DEM (os democratas, aliás, desde o início avaliavam que a CPI poderia se tornar uma armadilha) tentam ganhar tempo, a espera de uma decisão judicial favorável à quebra do sigilo, a qual parece a cada dia mais distante.
 


Os líderes oposicionistas pressionam para dividir o comando da CPI, mas torcem para que o governo, o PT e seus aliados radicalizem e elejam o presidente e o relator da comissão. Nesta hipótese, se tornará possível deixar o corner, denunciar a investigação como um jogo de cartas marcadas e sair da CPI acusando-a de chapa-branca. Mas até esse movimento midiático ficou difícil de realizar. A tendência do governo é aceitar a tese da partilha de comando e pedir ao PSDB que indique o presidente da comissão. E o PSDB seguramente o indicará.



Agência Estado