Documentário revela 638 modos para assassinar Fidel Castro
Fidel Castro não está mais à frente da presidência cubana – e só agora parece provável que a doença e a idade finalmente conseguirão completar com êxito o que duas gerações de cubanos exilados não conseguiram, apesar do obsessivo empenho e da ajuda do gov
Publicado 03/03/2008 19:13
Para quem quer saber mais sobre as tentativas de assassinato a Fidel, um rápido e interessante apanhado geral é o longa-metragem 638 Ways to Kill Castro (638 Modos de Matar Castro). Trata-se de um documentário britânico de 2006, que será exibido na TV aberta dos Estados Unidos pela primeira vez nesta segunda-feira.
O título se refere ao número de planos de assassinato dos quais Fabian Escalante, ex-chefe dos serviços de segurança de Cuba, diz ter evidências de terem ocorrido e, em muitos casos, terem sido frustrados. Escalante os relaciona por governo: Eisenhower, 38; Kennedy, 42; Johnson, 72; Nixon, 184; Carter, 64; Reagan, 197; Bush pai, 16; Clinton, 21. (Isso soma 634, mas nós podemos perdoá-lo por esquecer de algumas roupas de mergulho envenenadas).
O filme não tenta estabelecer a verdade sobre tais números espantosos (e Escalante também é conhecido por propor a teoria de que o assassinato de John F. Kennedy envolveu contra-revolucionários cubanos e a máfia de Chicago). Mas o longa cobre de forma bastante razoável as conspirações conhecidas e o planejamento para mostrar o quanto os inimigos de Fidel estavam preocupados com a tarefa de tirá-lo de circulação.
As idéias mais extravagantes – as canetas-tinteiro envenenadas e os milkshakes, as conchas e cigarros com explosivos – são mencionadas de passagem, mas o foco fica nos métodos tradicionais, como armas e bombas, e grande parte da história é contada nas palavras dos possíveis assassinos. Os cineastas seguem as pistas de vários homens conhecidos ou suspeitos de terem conspirado contra Fidel e os entrevistam em locais que em geral parecem ser confortáveis casas na Flórida.
Alguns falam cautelosamente, alguns abertamente, mas todos projetam aquela aura de integridade e orgulho, em geral com o endosso das mulheres e dos filhos: eles definem a si mesmos por meio de sua asquerosa repulsa por Fidel e da disposição de fazer alguma coisa a respeito.
Luis Posada Carriles, que foi associado a explosões de bombas em hotéis de Havana e em um vôo da Cubana Airlines, é uma figura singular entre os homens desse grupo, porque estava preso, enfrentando acusações da imigração, quando os cineastas o encontraram. Mas em uma entrevista por telefone ele tem o mesmo tom desafiador, embora patético:
“Eu não quero ser a pessoa a dizer isso, mas acho que ele se sente mais seguro quando eu estou na cadeia, você não acha?”. De forma vergonhosa, Posada foi libertado depois disso, mesmo que o Departamento de Justiça o tenha qualificado como um “reconhecido articulador de conspirações terroristas e ataques”.
638 Ways to Kill Castro não é um relato objetivo: o simpático e rude Escalante, que manteve Fidel vivo durante tanto tempo, é o herói da ação e as fontes primárias de informações, incluindo o ex-diplomata norte-americano Wayne Smith e a jornalista Ann Louise Bardach, são claramente críticos em relação ao tratamento que os Estados Unidos dão a Cuba.
Com 75 minutos, o filme não tem o tempo para comprovar temas como o relacionamento próximo da família Bush com cubanos anti-Fidel na Flórida. Mas é difícil duvidar da profunda hostilidade daquele grupo, e do ponto até onde eles iriam, quando se vê homens em roupas militares encenando jogos de guerra nos Everglades, finalizados com a execução encenada de alguém que se passa por Fidel. É o bastante para que alguém se indague se ele está a salvo, mesmo agora.
Da Redação, com informações do The New York Times News Service