Rodosol, mais um jogo de cena?
Um dos maiores problemas no trânsito de Vitória e Vila Velha no ES é sem dúvida o trecho da Terceira Ponte. Ainda estudante, entre 2000 e 2004, todos os dias nesse período, enfrentava o desafio de atravessá-la e não me atrasar ao compromisso das a
Publicado 23/03/2008 19:45 | Editado 04/03/2020 16:43
Hoje o problema é bem maior, visto que a quantidade de veículos é crescente, algo que é fácil de se constatar passando por perto do local nos horários de pico. Estima-se necessário investimento da ordem de 50 milhões de reais para que seja possível desafogar o trânsito da região, algo que, para a concessionária responsável pela administração, é considerado inviável do ponto de vista econômico-financeiro e sobre o prisma das cláusulas vigentes no contrato (com encerramento previsto para 2023). Já pela visão do governo do estado, esse investimento é possível de ser realizado pela concessionária. Dado o jogo de empurra, o governo do ES decidiu assumir a construção do canal de Bigossi, obra que seria de responsabilidade da Rodosol, e que é bastante cobrada pela população local há vários anos.
E para tentar sanar esse impasse o governador contratou (sem licitação, diga-se de passagem) estudos juntos a FGV, num valor estimado em R$ 550 mil, para que seja feito o levantamento de custos e receitas e, entre outras coisas, para se ter uma noção exata da dimensão do valor do pedágio, algo que já foi constatado em vários estudos e divulgados diversas vezes ser um dos mais caros do país. Surpreendentemente foi anunciado, antes do início dos estudos, que o governo vai encampar a concessão da Rodosol, confirmando que se trata de um ato político. Algumas dúvidas estão no ar: o governo pretende tomar para si a administração do trecho e realizar os investimentos que se fazem necessários? Seria uma atitude a moda Hugo Chávez ?
Gostaria de pensar que sim, que pretende diminuir o valor do pedágio, ou quem saber reduzir a zero, mas em se tratando do Governador do ES Paulo Hartung (PH) acho que tudo não passa de jogo de cena. Inteligente como é, o governador não vai se indispor com o empresariado, não vai assumir o ônus de indenização milionária, em torno de R$ 200 milhões, onerando os cofres públicos. Se fosse algo para se levar a sério, ao menos o governo esperaria o resultado dos estudos da consultoria. Mas podemos ser um pouco mais otimistas acreditando que essa é uma manobra para pressionar a Rodosol a realizar o que se espera dela, que utilize os recursos públicos da melhor maneira e que trabalhe em prol da população. Só o tempo dirá.
De qualquer forma o problema da mobilidade urbana deve ser amplamente discutido. Com certeza o modelo atual é falido, com uma estimativa de um milhão de veículos nas ruas da Grande Vitória em curto prazo. Não é investindo em políticas de trânsito em que se favoreça o transporte individual em detrimento ao coletivo que chegaremos a uma solução consistente e definitiva. Continuaremos enxugando gelo.
*Iran Milanez é graduado em Ciência da Computação.
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