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Sem acordo, estudantes mantêm ocupação na Reitoria da UnB

Após reunião na tarde deste sábado (5), os cem estudantes que ocupam, desde quinta-feira, o prédio da reitoria da Universidade de Brasília (UnB) vão permanecer no local até que o reitor, Timothy Muholland, e seu vice, Edgar Mamiya, deixem seus cargos. Na

Eles cobram a dissolução do conselho da Fundação Universidade de Brasília (FUB) e a convocação de novas eleições diretas e paritárias imediatamente. A paridade entre professores, funcionários e estudantes nos conselhos e nas eleições da universidade é uma antiga reivindicação do movimento estudantil.


 


Na sexta-feira, a Justiça do Distrito Federal concedeu à Fundação UnB a reintegração de posse do prédio da reitoria, estabelecendo uma multa de R$ 5.000 para cada hora de ocupação. Os alunos afirmam que não sairão — e que vão recorrer da decisão. Um delegado da Polícia Federal segue negociando com os estudantes para que eles deixem o local.


 


O caso


 


Timothy Mulholland prestou depoimento à CPI das ONGs no Senado no começo do mês passado. De acordo com as investigações, a Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos), ligada à UnB, utilizou R$ 470 mil na compra de móveis de luxo para o apartamento do reitor, além da aquisição de lixeiras, de equipamentos de TV e som, de telas artísticas e vasos com plantas diversas, além de utensílios domésticos.


 


Em protesto, os estudantes estão trancados na reitoria e recebem apoio de outros alunos que estão acampados do lado de fora. Comida e bebida são compradas com recursos arrecadados entre alunos e professores na própria UnB. Os mantimentos são encaminhados aos estudantes por meio de sacolas amarradas em cordas.


 


Até a noite da sexta-feira, a sala estava sem água e luz, que foram religadas — o que permitiu aos alunos estudarem durante a noite, como conta Luíza Oliveira, estudante de Ciências Sociais e coordenadora do DCE (Diretório Central dos Estudantes ). “Também conseguimos mandar um violão para lá. Isso ajuda a passar o tempo”, diz.


 


Temor


 


Além dos alunos, participam das negociações dois professores da Associação de Docentes da UnB. Graziela Carvalho, vice-presidente da associação, diz temer que haja violência por parte dos policiais. “É a primeira vez que acontece uma negociação, mas com a PF presente é um contra-senso”, disse a professora.


 


Karla Gamba, coordenadora do DCE, afirmou que os estudantes estão mobilizados por temer de que haja uma ação da PF. “Estávamos esperando uma reunião com a reitoria. A reitoria recuou, e chegou a Polícia Federal. Nós lamentamos esta postura autoritária e truculenta. Esperamos que a reunião aconteça de verdade.”


 


O temor dos acampados é que a polícia retire à força os manifestantes. Segundo os estudantes, há a garantia do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, para que a polícia se mantenha distante da UnB.