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Em discurso, Lula critica oposição, ironiza juros e elogia Dilma

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o discurso durante solenidade de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na Vila São José, em Belo Horizonte, para mandar um recado à oposição, reiterando que não é candidato ao terceiro m

Lula destacou que o PAC dispõe de um montante de recursos da ordem de US$ 504 bilhões a serem aplicados, e espera é que os próximos governantes continuem a realização das obras. ''Tenho fé em Deus que a gente que vier depois de nós vai ter que continuar o que fizemos, porque o povo aprendeu a gostar do que é bom'', disse. Segundo o presidente, o governo vai continuar cobrando dos prefeitos e governadores o cumprimento das metas do programa.



O presidente Lula anunciou também que ''o PAC não quer liberdade, quer controle e fiscalização porque senão não funciona''. Ele elogiou o programa falando que o objetivo é melhorar a vida das pessoas dando a elas condições dignas, e ponderou que não quer que o País fique dividido entre ricos e miseráveis. Lula criticou a Receita Federal com relação à lei que transfere para os municípios a arrecadação do Imposto Territorial Rural (ITR), por meio de um convênio entre Prefeituras e a Receita. Segundo o presidente, o nível de exigência da instituição não viabilizou o cumprimento dessa lei.



Recado à oposição



O presidente disse ainda que usa o PAC para fazer uma ''reparação histórica'' aos pobres. ''O descaso histórico que se teve com o pobre nesse país. (…) O que estamos fazendo aqui é uma reparação histórica porque tem muita gente que gostaria que dinheiro do PAC fosse para outro lugar.''



Para Lula, quem vier depois dele ''será obrigado a continuar'' o programa. ''Eu tenho fé em Deus que a gente aprendeu e que quem vier depois de mim será obrigado a continuar porque o povo aprendeu a gostar do que é bom.''



Lula também voltou a criticar a oposição que insiste na ladainha do ''terceiro mandato'' e o acusa de usar o PAC de forma eleitoreira. ''É com muito orgulho que vou continuar andando esse país. A minha oposição diz que faço campanha, mas não tem campanha, não sou candidato. Eles querem que eu fique dentro do gabinete enquanto ficam fazendo discurso contra mim. Entre eles e abraçar o povo, eu vou para rua abraçar o povo, prestar contas do que faço'', discursou.



Mãe do PAC



O presidente voltou a elogiar a ministra-chefe da Casa Civl, Dilma Roussef, atribuindo a ela a condução das obras do PAC em todo o país. Em visita às obras na Vila São José, na região Noroeste de Belo Horizonte, o presidente brncou com a ministra e disse que Dilma ''controla mais o PAC do que a própria filha'', Paula Rousseff Araújo.



''Quero falar da companheira Dilma Rousseff, porque outro dia no Rio de Janeiro falei que ela era a mãe do PAC. E é a mãe do PAC porque o PAC só funciona porque essa mulher certamente toma conta mais do PAC do que tomou da filha dela. Todo muito que é pai sabe, quando tem uma filha ou filho com 15 anos, não quer mais saber do pai, estamos coroas, as músicas não são as mesmas.
(…) A filha da Dilma certamente foi assim'', disse Lula.



Lula reforçou ainda que ''depende dela (Dilma) cobrar dos prefeitos, dos outros ministros, dos governadores'' a conclusão das obras do PAC. ''E tem uma coisa legal: mulher, quando fica brava e briga com o prefeito, ele não reclama como reclama com o presidente'', brincou.



Ao lado de Lula e Dilma, Fernando Pimentel (PT) disse que mineiros confiam na ministra. Segundo ele, Dilma é vítima de uma ''maré de intrigas''. ''Quero saudar a ministra Dilma, esta guerreira. Companheira de amizade desde a época da ditadura. Por seu caráter, sua competência que a levou a ser a coordenadora do PAC. Quero dizer em alto e bom som que nós confiamos na ministra Dilma e somos solidários nesse momento contra a maré de intrigas'', afirmou o prefeito petista.



No último mês, a ministra tem sido alvo de perseguição por parte da imprensa e da oposição que tenta vincular a ministra à produção de um suposto dossiê com dados sigilosos e particulares do gabinete do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.



Pimentel disse ainda que ''nunca na história deste país'' houve um presidente tão próximo dos prefeitos e da população quanto Lula.



Juros, Corinthians e torcicolo



Após acordar com um torcicolo, o presidente brincou e relacionou o problema à alta dos juros anunciada pelo Banco Central.



''Eu não sei se deveriam ficar acometidos do mesmo mal que fui, não sei se ouvimos muito discurso, se foi pelo aumento dos juros, não sei se foi por causa do massacre que Corinthians recebeu do Goiás [3 a 1, pela Copa do Brasil], e o Cruzeiro que levou lavada na Bolívia [perdeu do Real Potosí por 5 a 1]. Sei que acordei com essa dor no pescoço. Tudo isso junto deu esse torcicolo'', disse Lula.



Na quarta-feira, após quase três anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A última elevação dos juros havia sido feita em maio de 2005 pelo BC.



Ainda hoje, no município de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, Lula assina ordens de serviços de obras do PAC. Além de Dilma Rousseff, companham o presidente na viagem o ministro das Cidades, Márcio Fortes, e o vice-presidente José Alencar.



Da redação,
com agências