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Lula: “Cabe aos mineiros decidir sobre política em Minas”

O presidente Lula está hoje em Minas Gerais. Ele cumpre agenda oficial na capital mineira, Belo Horizonte, e em Ribeirão das Neves, onde assina nove ordens de serviço para obras do PAC, no valor de R$ 520,8 mi, em infra-estrutura para diversos municípios

Em entrevista ao jornal O Tempo, de Minas, o presidente Lula falou sobre esse momento político e o que pensa da aliança. Segundo Lula, o presidente da República não deve dar palpite sobre um acordo local. “Cabe aos mineiros decidir sobre a política de Minas, levando em conta a necessidade da manutenção e do fortalecimento das alianças nacionais. De minha parte, acho positiva a busca de entendimento, embora nem sempre isso seja possível…”, esquivou-se o presidente.


 


A disputa está sendo travada dentro do próprio PT. Enquanto o diretório de Belo Horizonte aprovou por ampla maioria a coligação com PSB, a executiva nacional emitiu uma resolução contrária ao acordo firmado em Minas.


 


Na resolução, a direção nacional do PT ressalta que “uma candidatura que tem por base um consenso com o PSDB” contraria as diretrizes da política de alianças do partido.


 


No último dia 24, o Diretório Nacional havia estabelecido que as coligações com partidos que não integram a base aliada do governo Lula, em capitais ou cidades com mais de 200 mil habitantes, deveriam ser submetidas ao comando nacional do PT.



A Executiva cobrou uma posição formal do diretório mineiro sobre a aliança em Belo Horizonte e marcou para o próximo dia 24 nova reunião para decidir sobre o assunto.



A aproximação entre tucanos e petistas mineiros tem sido costurada pelo governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT). O nome mais cotado para ter o apoio de ambos, em outubro, é o do secretário de Desenvolvimento Econômico do governo de Minas, Márcio Lacerda (PSB).



Nesta quinta-feira, a Executiva Estadual do PT mineiro se reúne para reafirmar a decisão da Executiva Nacional do partido. A direção estadual vai apreciar também a proposta de o PT ter candidato próprio à Prefeitura de Belo Horizonte. Crescem as articulações para que o PMDB possa indicar o candidato a vice-prefeito. O nome do PT seria escolhido dentro do grupo ligado ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Se a decisão de substituir a chapa PSB-PT pela dobradinha PT-PMDB não for aceita pelo Diretório Municipal, lideranças nacionais já falam em intervenção.



A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Belo Horizonte nesta quinta-feira será aproveitada pelos líderes petistas para conversas extra-oficiais que possam demover o grupo que defende a aliança com os tucanos de insistir numa tese que possa comprometer a candidatura petista à Presidência da República, em 2010. “A direção nacional reconhece o esforço do PT de Belo Horizonte em construir uma aliança com o PSB, que faz parte da base aliada, mas veta a participação oficial do PSDB”, explica o presidente estadual da legenda, deputado federal Reginaldo Lopes. O racha no partido, poderia, segundo ele, ser evitado com a candidatura de um petista. “A proposta de candidatura própria é a que tem mais unidade no PT de Minas”, adverte.



O deputado federal Virgílio Guimarães, padrinho da candidatura de Lacerda, acusa a direção nacional de desrespeitar a democracia partidária e diz que o PT pode até não participar da chapa, indicando o candidato a vice-prefeito, mas que manterá a disposição de apoiar um nome do PSB. “Não vamos nos mover um milímetro. O que pode acontecer é trocarmos o vice. Não vamos mudar o candidato que foi democraticamente votado, que é do PSB, ou expulsar o PSDB da aliança. O PT nacional pode impor suas decisões ao PT, não a outro partido. Os incomodados que se retirem. Não apresentamos candidato a vice e apoiamos Márcio Lacerda”, afirma.



O presidente municipal do PT, Aluísio Marques, acredita que a direção nacional será convencida de que tomou uma decisão precipitada. Ele ficou de enviar ainda na quarta-feira a resolução aprovada por escrito à Executiva Nacional. “No frigir dos ovos, a resolução da nacional repete o que já sabíamos, que teríamos que submeter a decisão a instâncias anteriores. Foi feito muito barulho por nada”, acredita.



Já o presidente estadual do PSDB, Custódio Mattos, afirma que ainda há prazo para as articulações, já que as convenções ocorrerão em junho, mas advertiu que o PSDB tem bons nomes para a prefeitura da capital mineira. “Estávamos preparados para a complexidade das decisões no PT, mas temos muito tempo ainda. O PSDB tem dois nomes, como o senador Eduardo Azeredo e o deputado estadual João Leite, já testados e que aparecem como favoritos. Portanto, pode lançar candidato próprio”, argumentou.



Aécio: está difícil



E se, por um lado, o presidente Lula evita entrar na polêmica aliança mineira. Outras autoridades de peso, porém, participam ativamente deste debate.



Uma delas é o ministro da Comunicações, Hélio Costa (PMDB), que tem interesse em disputar a prefeitura pelo PMDB. Ele avaliou que a decisão da direção nacional do PT está em sintonia com as recomendações do presidente Lula aos ministros mineiros e ao vice-presidente José Alencar (PRB), que apelaram pelo consenso na base aliada. “A decisão da Executiva Nacional do PT nos dá tempo para o entendimento, como quer o presidente. Basta agora que o PT chame o PMDB para conversar”, afirmou. Enquanto espera um convite do PT, Hélio Costa vai procurar o governador Aécio Neves, que, segundo ele, foi o único a abrir as portas para a conversa com o PMDB sobre a aliança.



Nesta quinta-feira, Aécio admitiu que há dificuldades para fechar aliança com o PT em Belo Horizonte. “Existem ainda alguns setores do partido [PT] reticentes a esse entendimento, preferem outro tipo de aliança”, afirmou o governador em entrevista à rádio Jovem Pan. “A outra alternativa seria o PT disputar conosco uma eleição sem ter um candidato colocado até agora, o que eu acho que seria um risco”, disse Aécio.



Fogo amigo pré-2010



Na entrevista à Jovem Pan, Aécio também comentou os ataques do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que reclamou de governador mineiro durante reunião dos partidos de oposição na segunda-feira, em São Paulo.



Segundo reportagem da Folha, Virgílio disse que é cômodo ter uma relação amistosa com o governo federal, diante da popularidade de Lula. “Tancredo Neves era habilidoso, mas tinha lado”, disse o senador, segundo participantes da reunião, citando o avô do governador mineiro.



Em reposta, Aécio disse que “cada um tem seu estilo de fazer política”. Perguntado se a provocação de Virgílio foi motivada pela possibilidade de o senador se colocar como pré-candidato do partido à Presidência em 2010, Aécio afirmou que isso seria legítimo. “Acho que é absolutamente legítimo e, certamente, ele saberá conduzir sua candidatura combatendo os adversários e não os aliados”, disse.


 


Aécio também afirmou que não pensa em sair do PSDB para disputar uma eleição presidencial. O PMDB já fez o convite para que Aécio se filie ao partido. “Eu não penso hoje em mudança partidária, mas acho que qualquer novo projeto de país precisará de uma ampla e sólida aliança para ser construída. E eu gostaria de ver o PMDB nessa aliança assim como o Democratas”.



Da redação,
com agências