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Niemeyer adere a campanha 'Apelo a Favor da China'

O filósofo marxista italiano Domenico Losurdo lançou uma campanha em seu blog na Internet contra a campanha anti-chinesa em curso a favor do boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim, provocada por algumas nações ocidentais, em seguida aos atos terroristas

“Uma sórdida campanha de demonização da República Popular Chinesa percorre o planeta. Quem a dirige e orquestra são governos e órgãos de imprensa inteiramente dedicados a dar aval ao martírio interminável do povo palestino, e sempre prontos a desencadear e apoiar guerras preventivas como a que no Iraque produziu centenas de milhares de mortes e milhões de refugiados”.


Por Domenico Losurdo



“Agita-se a bandeira da independência (por vezes camuflada de “autonomia”) do Tibete, mas se esse objetivo viesse a realizar-se, a mesma palavra de ordem seria lançada também para o Grande Tibete (uma área três vezes maior que o Tibete propriamente dito) e em seguida para o Sin-kiang, para a Mongólia Interior, para a Manchúria e ainda para outras regiões.



Na verdade, com seu enlouquecido projeto de dominação planetária, o imperialismo visa desmembrar um país que há muitos séculos se constituiu sobre uma base multiétnica e multicultural onde hoje chegam a conviver 56 etnias. Não é sem significado o fato de que à frente dessa Cruzada não encontra-se o Terceiro Mundo, que olha para a China com simpatia e admiração, mas o Ocidente que desde as guerras do ópio precipitou o grande país asiático no subdesenvolvimento causando-lhe uma imensa tragédia, da qual um povo que representa um quinto da humanidade está finalmente saindo.



Com base nas palavras de ordem análogas às que hoje são gritadas contra a China, se poderia promover o desmembramento de diversos países europeus como a Inglaterra, a França, a Espanha e a Itália onde não faltam movimentos que reivindicam a “libertação” e a secessão da Padânia.



O Ocidente, que posa de Santa Sé da religião dos direitos humanos, não gastou uma palavra sequer sobre os pogrom antichineses que em Lhasa no dia 14 de março custaram a vida de civis inocentes, de velhos, mulheres e crianças.



Enquanto proclama de chefiar a luta contra o fundamentalismo, o Ocidente transfigura na forma mais grotesca o Tibete do passado (fundado sobre a teocracia, sobre a escravidão e sobre a servidão das massas) e se prostra diante de um Deus-Rei, concentrado em constituir um Estado sobre a pureza étnica e religiosa (também uma mesquita tem sido assaltada em Lhasa), querendo anexar a esse Estado territórios que são habitados sim por tibetanos, mas que nunca foram administrados por um dalai-lama: trata-se do projeto do Grande Tibete fundamentalista, caro àqueles que querem colocar em crise o caráter multiétnico e multicultural da República Popular Chinesa para conseguir desmembrá-la mais facilmente.



No final do século 19, na China, na entrada das concessões ocidentais deixava-se bem visível a placa: “Proibido o ingresso aos cães e aos chineses”. Esta interdição não desapareceu, sofreu apenas alguma variação, como demonstra a campanha para sabotar ou comprometer de qualquer maneira as Olimpíadas de Pequim: “Proibidas as Olimpíadas aos cães e aos chineses”.



A Cruzada antichinesa em curso está em total continuidade com a longa e abjeta tradição imperialista e racista.”



Para assinar a favor da campanha “Um Apelo a Favor da China”, hospedada em http://appellocina.blogspot.com/ e que já foi endossada inclusive pelo arquiteto Oscar Niemeyer, enderece e-mail para [email protected]