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Caso Isabella: sensacionalismo eleva audiência de jornais

Com a cobertura sensacionalista da morte da menina Isabella Nardoni, de 5 anos, a audiência dos telejornais disparou, informa a coluna “Outro Canal”, de Daniel Castro, na Folha de S.Paulo desta sexta-feira (18). O Brasil Urgente, da Band

Conforme escreve Daniel Castro – com alguma ironia -, “o trágico caso Isabella está fazendo a felicidade dos telejornais”. O jornalista também afirma que “as consecutivas lideranças da Record no período matutino” são igualmente atribuídas à cobertura desbragada sobre a morte da menina.


 


Na quarta-feira, o Jornal da Band (crescimento de 24%) atingiu sua melhor média no ano: 7,5 pontos. Já o Jornal Nacional e o Jornal da Record aumentaram seus públicos em 9%. O JN saltou de 31,4 para 34,2 pontos.


 


O “sucesso” (à custa do sensacionalismo) explica em parte o investimento na cobertura. A Globo mobilizou 18 repórteres, oito produtores e 20 cinegrafistas. Eles fazem plantões permanentes, até de madrugada, em casas de parentes da menina e delegacias.


 


O SP TV – 1ª Edição de sábado (12) dedicou mais de meia-hora à história. No estúdio, os apresentadores entrevistavam o repórter Walmir Salaro – numa tática que lembra a Rede TV!. Salaro, vale lembrar, é o “jornalista da Escola Base”, aquele mesmo que denunciou – e depois negou – que diretores de um colégio paulista mantinham relações sexuais com alunos.


 


No Jornal Nacional, a cobertura chegou a ocupar 15 minutos e 20 segundos na edição da última terça-feira – o equivalente a 37% do telejornal. Naquele dia, a emissora teve acesso ao inquérito. Na quarta-feira, sem novidades nem mais factóides, foram só quatro minutos (10,8%).


 


A Record informa ter deslocado para a cobertura 30 repórteres e produtores e 20 cinegrafistas. “Sua cobertura, muitas vezes, esbarra no exagero”, opina Daniel Castro, com razoável eufemismo.


 


Nesta semana, o insuportável Balanço Geral tinha em seu cenário uma cama, como se fosse a de Isabella. O apresentador manchava roupas com tinta vermelha e depois as lavava, para mostrar como age um produto usado por peritos para descobrir sangue. Já o Fala que Eu te Escuto, da Igreja Universal, “reconstituiu” o crime com atores.


 


Na Band, entre três e dez equipes (repórter mais cinegrafista) cobrem o caso, dependendo do noticiário, além de cinco produtores. Até o SBT priorizou Isabella. Mobilizou quatro repórteres e sete cinegrafistas. Parece pouco, mas é quase metade do time da emissora. O SBT tem apenas nove repórteres em São Paulo.


 


Plágio?


 


Os excessos da cobertura dos telejornais têm levado a outras práticas condenáveis no jornalismo. Na coluna “Zapping”, do Folha Online, Fabíola Reipert diz que a Record poderá ser acusada de piratear imagens da Globo, que mandou uma fita para um perito no assunto constatar se a Record usou tais imagens do caso Isabella em seu jornalismo.


 


“Quem trabalha na Record afirma que isso é comum na emissora. Outros canais também costumam fazer o mesmo. Depois que a imagem já está no ar, ela pode ser considerada de domínio público”, defende Fabíola.


 


Na semana passada, Ricardo Boechat, da Band, acusou a Record de pegar imagens, exclusivas da emissora, da família Nardoni no supermercado. A Globo nega que tenha enviado qualquer fita a algum perito. A Record diz que desconhece o assunto e que não comentará nada.