Para ONGs, México é o país mais perigoso para jornalistas
Uma missão internacional de organizações de defesa da imprensa e da liberdade de expressão revelou na sexta-feira que o México “se transformou no país mais perigoso para os jornalistas das Américas”.
Publicado 27/04/2008 14:28
Após cinco dias de visita e encontros com as autoridades do país, a missão composta por 14 organizações, divulgou que “os principais obstáculos para o exercício jornalístico são o crime organizado, a corrupção, a falta de vontade política e a omissão do Governo em proporcionar protecção” e garantir “a segurança dos jornalistas”.
O director da International Media Support (IMS), Jesper Hoberg, declarou que esta situação de impunidade “provocou um estado generalizado de autocensura” no país.
Segundo dados da organização internacional, reunida com representantes dos três poderes federais e locais, pelo menos 24 jornalistas foram mortos nos últimos oito anos.
As organizações não-governamentais (ONG) mostraram-se especialmente preocupadas pelo distanciamento em que se encontram determinados meios, sobretudo em zonas rurais longíquas, como as rádios comunitárias.
Duas trabalhadoras de uma dessas rádios na região de Oaxaca, a sul do México, foram mortas no passado 07 de Abril em Putla de Guerrero, estando ainda o caso em investigação.
A missão lamenta “o deteriorar da liberdade sindical e das condições laborais dos jornalistas” bem como a excessiva concentração dos meios em algumas mãos, e comprometeu-se a emitir um relatório pormenorizado de recomendações “nas próximas semanas”.
Darío Ramírez, representante no México da organização britânica Artigo 19, garante que há “vontade política” para parar com os crimes contra a imprensa, mas que “as decisões tomadas até agora não reflectem”, esse desejo.
Ramírez acrescentou que a secretária do Governo, equivalente a ministra do Interior, se comprometeu a colabrar na criação de um comité para a protecção dos jornalistas.
A missão é composta por 14 organizações de defesa da imprensa entre elas o International Press Institute (IPI), o International Media Support (IMS), dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Artigo 19, a Sociedade Inter-americana da Imprensa (SIP) e a Associação Mexicana de Rádios Comunitárias (AMARC).
Os defensores da liberdade de expressão e da imprensa exigem que sejam “tomadas medidas imediatas” que acabem com estes crimes e para que se fortaleça unidade especial para delitos a jornalistas, e que os infractores sejam investigados pelas autoridades federais.
A violência contra a imprensa neste país insere-se numa onda de crime organizado que, entre 2006 e 2007 provocou cerca de cinco mil mortes e cerca de um milhar em 2008, segundo dados extra-oficiais divulgados pela imprensa.
Fonte: Lusa