Fórum do Forró: Dominguinhos surpreende público com convidados

Quem foi assistir ao show de Dominguinhos, com a participação especial da Orquestra Sanfônica de Aracaju e convidados de primeira linha da Música Popular Brasileira, saiu do Teatro Tobias Barreto (TTB) carregando na mala saudade, emoção e certezas. O d

O VII Fórum do Forró foi aberto oficialmente na noite de ontem, terça-feira, pelo prefeito Edvaldo Nogueira, que sancionou a Lei 3.559, de 26 de maio de 2008, e instituiu permanentemente o evento no calendário junino da cidade. ''Quem não conhece as suas raízes e quem não conhece a sua aldeia não pode pensar em dar vôos maiores. Um povo que não nutre, trabalha, discute e nem preserva sua cultura o seu futuro é muito tênue como povo, como gente e como nação'', destacou.


 


O prefeito Edvaldo Nogueira reafirmou seu compromisso de seguir contribuindo para a valorização e a preservação da cultura de sergipana. ''O fórum foi justamente criado para que pudéssemos embasar teoricamente os debates, contribuir para a formação do público, disseminar o forró e estudar os grandes artistas que fazem desse gênero tão rico e universal. Por isso, resolvemos instituir esse evento na agenda cultural de Aracaju e do Estado de Sergipe'', argumentou.


 


A programação de abertura começou com o debate sobre a importância de Dominguinhos nas obras do professor, compositor e parceiro Climério, de Teresina (PI), e dos cantores e compositores Silvério Pessoa e Anastácia, que falaram das suas ligações pessoais com a música e das influências que receberam do maior discípulo vivo de Luiz Gonzaga. Coube o papel de mediador ao professor e estudioso da cultura popular, José Paulino. O público teve a oportunidade de participar ativamente e fazer perguntas tanto para os convidado quanto para a estrela da noite.


 


''Estou muito feliz de estar aqui hoje e reencontrar grandes amigos. Essa é uma noite memorável em minha vida. Nunca tinha conversado com o público diretamente assim num simpósio e só tenho a agradecer. Vivi em Aracaju nos anos 60, no tempo das vacas magras, e andava por aí tocando com Gerson Filho, Clemilda e Luiz Gonzaga. Foi aqui que coloquei letra numa primeira música com Anastácia, ali no Jaques Hotel, e descobri que era compositor'', lembrou Dominguinhos.


 


O parceiro Climério traduziu a importância do amigo em sua vida com um depoimento poético. ''Dominguinhos representa muito para mim. É como se eu estivesse andando num chão quente, descalço, e, de repente, colocasse os pés num riacho. Esse é um artista que faz uma música universal, um verdadeiro orgulho da cultura do Nordeste'', afirmou. Os debates estão sendo transmitidos ao vivo pela internet, a partir das 19 horas, e são abertos ao público: www.aracaju.se.gov.br/forumdeforro. Quem não puder acompanhar o Fórum on line, terá como assistir o compacto da Aperipê TV no próximo dia 29.


 


Performance


 


A apresentação do discípulo de Luiz Gonzaga passeou por grandes clássicos do forró que marcaram sua carreira e reservou gratas surpresas. Passaram pelo palco do Teatro Tobias Barreto Silvério Pessoa, Anastácia, o cantor, compositor e instrumentista Waldonys, de Fortaleza (CE), os sanfoneiros Mestrinho e Edivaldinho, filhos do forrozeiro Erivaldo de Carira, e até o prefeito Edvaldo Nogueira na zabumba. Mas, sem dúvida, os momentos mais emocionantes ficaram por conta das performances de Clemilda e da Orquestra Sanfônica.


 


A platéia foi ao delírio, cantou junto, bateu palma e até dançou pelos corredores do teatro as músicas eternizadas nas vozes de grandes forrozeiros. ''É a primeira vez que estou participando desse evento. Mas tenho certeza que esse é só o primeiro de uma séria porque, com certeza, virei nas próximas edições. Estou ansiosa agora pelo Forró Caju, que é a melhor festa de São João do país e tem uma excelente programação'', destacou a técnica em contabilidade Gilca da Silva, 50 anos.


 


As edições anteriores do fórum discutiram as obras de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marines, Clemilda e Genival Lacerda, Trio Nordestino, Humberto Teixeira e Carmélia Alves. Com o tema 'O discípulo inovou a arte do mestre: novos sons e sotaques ao som do Nordeste', o evento segue hoje e vai até amanhã, dia 5, no Teatro Atheneu. A programação inclui discussões sobre o ‘O futuro dos CD's e dos DVD's e as novas mídias na área musical'; e o lançamento do ‘De Neném a Dominguinhos – Trajetória Discográfica', de Ranilson França de Souza. Os inscritos receberão certificado de participação.


 


Trajetória


 


José Domingos de Moraes, o Dominguinhos, nasceu em Garanhuns (PE) em 1941, e começou a tocar e compor aos oito anos de idade passando pela sanfoninha de 8, 48, 80 e 120 baixos. Em 1954, conheceu Luiz Gonzaga quando foi ao Rio de Janeiro e ganhou do ‘rei do baião' uma sanfona de presente. Desde então passou a fazer parte da vida do mestre e tornou-se nacionalmente conhecido. Em 1956, gravou o seu primeiro CD com o ‘rei do baião' e não parou mais. Em mais de 50 anos de carreira, são mais de 40 trabalhos gravados e parcerias com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Chico Buarque de Holanda e Yamandu Costa.


 


Presenças


 


Prestigiaram a solenidade a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju), Lucimara Passos; os secretários municipais de Governo, Bosco Rolemberg, de Participação Popular, Rômulo Rodrigues, e de Educação, Teresa Cristina Cerqueira da Graça; o secretário de Estado da Cultura, Luiz Alberto; os vereadores Chico Buchinho e Rosângela Santana; a diretora-presidente da Fundação Aperipê, Indira Amaral; o ex-presidente da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), Sílvio Santos; além de artistas como Amorosa, Joza Vaqueiro do Sertão, Joseane de Joza, Erivaldo de Carira, e o compositor, instrumentista e produtor cultural, Zé da Flauta, de Recife (PE).