Negros no Ceará: História, Memória e Etnicidade

O Museu do Ceará, em Fortaleza, realiza de 18 a 20 de junho, o seminário Negros do Ceará: História, Memória e Etnicidade, que vai abordar religiosidade, herança cultural, história, memória, abolição, festividades, práticas de sociabilidade e resistênci

A abolição do escravismo negro, ocorrida em 1884 no Ceará, foi um dos fatos mais abordados na escrita de uma história oficial do estado. A expressão “Ceará – Terra da Luz”, um dos principais epítetos construídos acerca de uma identidade local, surge a partir daí, sendo apropriada na contemporaneidade com fins mercadológicos ligados ao turismo local.


 


Interessante perceber como esse discurso legitimador do caráter empreendedor das classes dominantes cearenses, construído sob os auspícios da abolição, ainda encontra espaço nos dias de hoje através da celebração de datas comemorativas, como o dia 13 de maio. Em contraponto a esta efeméride, o movimento negro construiu, no dia 20 de novembro – morte de Zumbi dos Palmares -, o seu dia nacional de luta.


 


Esse conflito de memórias se expressa na luta do movimento negro no Ceará, que nega, através da ação política de seus militantes, em várias áreas, o discurso que teima em afirmar a inexistência de negros no estado. Ao olhar historicamente, percebemos o negro no Ceará enquanto sujeito de sua história, possuidor de uma rica cultura, em constante processo de resistência.


 


O Seminário “Negro no Ceará: História, Memória e Etnicidade”, promovido pelo Museu do Ceará, tem como propósito tratar desses conflitos a partir da realização de debates, mesas-redondas, relatos de experiências e apresentações culturais. Durante as atividades, pretendemos rever a história do Ceará sob a ótica das experiências dos negros inseridos na trajetória de movimentos sociais atuantes, hoje e em tempos pretéritos. Neste sentido, é fundamental o diálogo que se realizará entre militantes e pesquisadores acadêmicos ligados às universidades locais.


 


 Religiosidade, herança cultural, história, memória, abolição, festividades, práticas de sociabilidade e resistência, ritmos e musicalidade, políticas públicas serão alguns dos temas tratados. Nos caminhos entre a liberdade dada e a liberdade conquistada, coloca-se um questionamento: como os negros se constroem enquanto sujeitos de suas histórias no Ceará?


 


PROGRAMAÇÃO


 


Dia 18/06 (Quarta-feira)


14 h – Palestra:  O Ceará e a abolição


Palestrante: Rafael Vieira Caxilé  Mestre e doutorando em História (PUC-SP)


Intervalo: 15h30min


 


16 h – Mesa-redonda: O negro no Ceará: história e(m) movimento


Participantes: Luiz Leno Farias (Ogan do Ile axé Oloyoba, de raiz Gantois), Augusto Oliveira (folclorista e carnavalesco), Hilário Ferreira (Professor e Mestre em História Social – UFC), Elenilce Paiva (Grupo Afro Mulheres Brasileiras do Ceará)


 


18h30min – Apresentação cultural: Associação Cultural Afro-Brasileira  Bloco Afoxé Camutuê Alaxé Ora Sabá Omi (Bloco Afoxé Acabaca)


 


Dia 19/06 (Quinta-feira)


 9 às 12h – Oficina: Consciência corporal e ancestralidade africana


Ministrante: Norval Cruz


Vagas: 30 vagas


 


 14 h – Mesa-redonda: Herança cultural africana no Ceará


Participantes: Professor Lino de Ogum (Babalorixá e pesquisador dos falares afro), Cláudio Correia (presidente do Maracatu Vozes D´África), Armando Leão (Coordenador do GCAP – Grupo de Capoeira Angola Pelourinho), José Lopes de Maria (Professor e pesquisador da oralidade nos terreiros)


 


15h30min – Apresentação Cultural: Grupo GCAP (Grupo Capoeira Angola, com Professor Armandinho)


 


16h – Relato de experiência: Trajetória da Religiosidade Afro no Ceará: Mãe Valéria de Logun-edé (Casa Ilê Axé Omo T Ifé, Memorial do Candomblé no Ceará) e  Mãe Zimá (Tenda Senhores Ogum)


 


17h – Mesa-redonda: História sócio-cultural do negro no Ceará


Participantes: Profº. Dr. Franck Ribard (Departamento de História da UFC), Paulo Rogério (coordenador-administrativo da UNEGRO – União dos Negros Pela Igualdade Racial), Ivaldo Ananias Paixão (Capitão de Longo Curso), Vilamarque Carnaúba (Professor e Mestre em História Social  UFC)


 


18h – Apresentação Cultural: Tambor de Caboclo do Benfica


 


Dia 20/06 (Sexta-feira)


9h – Oficina: Ritmos africanos: do religioso ao profano


Ministrante: Luiz Leno Farias (Ogan do Ile axé Oloyoba, de Raiz Gantois)


Vagas: 30 vagas


 


 14 h – Mesa redonda: Caminhos da religiosidade africana no Ceará


Participantes: Pai Olutoji  Filósofo, Babalorixá e pesquisador da religiosidade afro no Ceará e Ismael Pordeus – Antropólogo.


 


16 – Mesa-redonda: Negritude nas festas populares no Ceará


Participantes: Descartes Gadelha (artista plástico e batuqueiro de Maracatu), Oswald Barroso (pesquisador e teatrólogo), Ênio Marques (Arte-educador em danças afro-descendentes), Fabiano de Cristo (arte-educador).


 


18 h – Apresentação Cultural: Grupo de Percussão Timbaw – Conjunto Palmeiras.


 


Local: Museu do Ceará (Fortaleza/CE)


Realização:


Museu do Ceará


Associação Amigos do Museu do Ceará


Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (SECULT)


Apoio:


UNEGRO


Rua São Paulo, n° 51 – Centro