Messias Pontes: Corrupção deveria ser crime hediondo (IV)

Temos defendido, com insistência, que a corrupção no Brasil deveria ser considerada crime hediondo, portanto inafiançável e imprescritível. Nas últimas semanas temos recebido e-mails e telefonemas encorajando-nos a ir em frente  desfraldando bem alto

Nossa legislação precisa urgentemente ser mudada para evitar que o dinheiro público continue sendo dilapidado. É inadmissível que os ladrões do dinheiro público continuem soltos como ainda acontece, muitos apadrinhados por magistrados que deveriam se envergonhar das sentenças que prolatam.



Para felicidade das pessoas de bem – o jornalista Paulo Henrique Amorim está com o peito lavado -, a Polícia Federal anunciou ontem a prisão de vários guabirus, entre eles o todo poderoso banqueiro Daniel Dantas e seus asseclas do Banco Opportunitty, o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta e o misto de empresário e doleiro Naji Nahas.



Apostando numa  legislação caduca e na impunidade, essa gente continuava, até ontem, lépida e fagueira, envolvida em crimes, segundo a Polícia Federal, de formação de quadrilha, gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, espionagem, dentre outros. Durante as investigações, foi rastreada uma fortuna de quase US$ 2 bilhões.



O caso mais escabroso é do banqueiro Daniel Dantas, o magnata da privataria no desgoverno tucano-pefelista (1995 a 2002) capitaneado pelo Coisa Ruim que desmontou o Estado brasileiro. Este é tão nocivo ao País quanto os que foram presos ontem. Esta opinião deve ser corroborada pelo general Felicíssimo Cardoso, que num passado recente afirmou que “este meu sobrinho não merece confiança”.



É de se lamentar que o governo do presidente Lula tenha permitido que o Daniel Dantas, há pouco mais de dois meses,  tenha fechado uma das maiores negociatas do mercado de telecomunicações do País, algo em torno de US$ 1 bilhão na venda de suas participações da Brasil Telecom e Telemar (OI). Pior que isso, conseguiu um acordo com os fundos de pensão, livrando-se, assim, de todas as demandas judiciais. Além do perdão dos fundos, o “orelhudo” ainda desembolsou mais de R$ 140 milhões. Será que a ministra Ellen Gracie vai continuar impedindo a aberturo dos discos rígidos do Banco Opportunitty, em poder da Polícia Federal?



É oportuno observar a nota da Procuradoria Geral da República, segundo a qual as empresas Telemig e Amazônia Celular, nas quais o Banco Opportunitty tem participação, foram as principais depositantes nas contas do publicitário Marcos Valério. Ainda de acordo com o Ministério Público Federal, a quadrilha do “orelhudo” cometeu o crime de evasão de divisas através do Opportunitty Fund, uma “offshore” no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, no Caribe, tendo movimentado entre 1992 e 2004 a bagatela de US$ 1,9 bilhão, portanto a maior parte nos oito anos do desgoverno tucano-pefelista, quando o valerioduto foi abundantemente irrigado.



O ninho tucano, que já estava bastante agitado com a notícia da última sexta-feira 4, dando conta da decisão do príncipe de Mônaco, Albert 2º, de conceder a extradição do banqueiro Salvatore Cacciola, agora ficou mais ouriçado ainda, o que pode-se prever que voará pena de tucano pra todo lado. Em 2005, Cacciola foi condenado à revelia no Brasil a 13 anos e meio de prisão pelos crimes de peculato e gestão fraudulenta. O consumo de lexotan, que já era grande, vai aumentar consideravelmente agora. 



Se todos os guabirus decidirem abrir a boca para se beneficiar da delação premiada o quadro político brasileiro passará por uma radical transformação.


 


Será que o ministro Marco Aurélio de Mello  ainda vai dar uma mãozinha ao banqueiro fujão?


 


 


Messias Pontes é jornalista