Greve dos bancários continua
Categoria recusa nova proposta apresentada pelos banqueiros e decide pela continuidade da greve no Ceará
Publicado 17/10/2008 09:56 | Editado 04/03/2020 16:36
A greve dos bancários, que nesta sexta-feira completa dez dias, vai continuar. A categoria, representada pelo Comando Nacional dos Bancários, rejeitou a nova proposta salarial ofertada ontem pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), de 9% para os salários até R$ 1.500,00 e de 7,5% para quem ganha acima desse piso. Ontem à noite, os bancários cearenses decidiram, em assembléia geral no Sindicato dos Bancários, manter a paralisação.
Hoje, o comando do movimento grevista volta a sentar à mesa com os banqueiros, em São Paulo. Em Fortaleza, a partir das 10 horas, o Sindicato dos Bancários promove concentração da categoria em frente à praça do BNB, no Centro da cidade. “Vamos manter a nossa luta também nos bancos privados”, afirmou o diretor de Relações Intersindicais do Sindicato, Ailson Duarte.
Os bancários reivindicam 5% de aumento real (além da inflação de 7,15%). Para o vale-refeição, o vale-alimentação e o auxílio-creche o reajuste proposto foi de 7,5%. A reivindicação da categoria é de auxílio-creche e vale-alimentação de R$ 415, além de vale-refeição de R$ 17,50 por dia.
Em relação à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), segundo o sindicato, os bancos propuseram manter a mesma formulação de regra básica (80% do salário mais valor fixo de R$ 957,02 já corrigido pelos 9%). O valor adicional à PLR, de acordo com variação do crescimento do lucro, poderá chegar, corrigido pelos 9%, a R$ 1.962. Para os bancários, o problema é que só pagam valor adicional este ano os bancos cujos lucros cresceram pelo menos 15%, o que excluiria a maior parte dos bancários.
O comando da greve considerou a proposta inferior ao reivindicado pela categoria. Hoje as negociações continuam e eles vão lutar para melhorar a proposta. De acordo com o comando nacional, os bancos somaram resultados extraordinários, seja em lucro, rentabilidade e ativos, e têm condições de apresentar uma proposta à altura do trabalho desempenhado pelos bancários.
A assembléia que decide a continuidade ou não da greve acontece hoje, a partir das 18 horas, no Sindicato dos Bancários. No Ceará, a categoria reúne 7.900 profissionais entre bancos oficiais e privados.
De acordo com o Sindicato cearense, o movimento, que teve início no último dia 8, já paralisou o funcionamento das agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil (BB) da Capital e do Interior do Estado. “A adesão dos bancos oficiais é 100%”, diz Ailson Duarte. Ele admite, no entanto, que nos bancos privados a greve é parcial devido ao interdito proibitório que impede manifestação em frente às agências. “Entre os bancos particulares, o Bradesco, Itaú, Santander, UNibanco e HSBC ganharam na Justiça esse impedimento legal, só não tem o Real”, relata o sindicalista cearense. Enquanto os grevistas lutam por um aumento maior, a população continua recorrendo aos caixas eletrônicos, casas lotéricas e agentes bancários, como supermercados e Chegue & Pague, por exemplo, para pagar suas contas do mês.
O advogado da Associação Cearense de Bancos (Abance) e do sindicato patronal, Raimundo Lúcio Paiva, lamenta que a proposta da Fenaban foi recusada pelos bancários. Ele espera que hoje saia um acordo durante a nova rodada de negociação que acontecerá na Fenaban, em São Paulo, para por um fim à greve que se arrasta por dez dias. Segundo ele, a Fenaban havia dado um prazo de 48 horas para que os bancários voltassem ao trabalho, encerrando a greve e cinco dias para finalizar as negociações.