Colômbia: Uribe admite que policial atirou contra indígenas

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, admitiu que um integrante da polícia atirou contra os indígenas que realizavam um protesto no sul do país, como revelou um vídeo exibido pela emissora norte-americana CNN.

''A investigação antecipada esta tarde conclui que um policial atirou sim'', disse o presidente através de um comunicado em rede nacional e acompanhado por comandantes da força pública e alguns de seus ministros.



Há alguns dias, Uribe havia negado, também em rede nacional, que a força pública tivesse disparado contra os indígenas, como estes denunciavam.



O general Oscar Naranjo, diretor da polícia colombiana, por sua parte, assumiu a ''inconsistência'' de não transmitir o fato ao governo, mas advertiu que a morte de três indígenas durante os protestos não foi ocasionada pelos disparos, mas pela manipulação de explosivos pelas próprias vítimas.



Na quarta-feira (22), o prêmio Nobel da Paz argentino Adolfo Pérez Esquivel havia exigido que o governo colombiano respeitasse os povos indígenas. Seu pedido foi divulgado pela senadora de oposição Piedad Córdoba.



Em uma carta, Pérez Esquivel reiterou que Uribe possui um ''espírito belicista'' e é ''pouco propenso ao diálogo'' e criticou a dura repressão policial que ''deixou centenas de feridos'', acusando o presidente de ''querer governar e calar o povo através de ações de terror e mortes''.



Pérez Esquivel também duvidou da versão divulgada anteriormente pelo governo, segundo a qual o há integrantes da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) infiltrados no protesto indígena, iniciado na terça-feira.



Pelo menos 12 mil indígenas da comunidade Nasa iniciaram na semana passada uma série de manifestações contra o descumprimento do governo de um acordo que visava a entrega de terras para eles e a plena autonomia administrativa nelas. A mobilização deve terminar nesta sexta-feira.



Marcha retomada



Após a admissão de culpa de Uribe, milhares de indígenas retomaram na quinta-feira uma marcha de protesto numa estrada do sudoeste da Colômbia, no mesmo dia em que Bogotá registrou cinco explosões durante manifestações de trabalhadores contra a política econômica.


 


Com seus trajes coloridos, laços e instrumentos típicos, os índios partiram de Santander de Quilichao (Departamento del Cauca) pela Rodovia Pan-Americana, que dá acesso ao sudoeste do país. Eles pretendem chegar ainda nesta sexta-feira a Cali.


 


Os líderes da manifestação insistem que os dois índios foram mortos pelos disparos de um policial, e que o diálogo com o governo deve acontecer em Cali, e não em Popayán, como propõe o popular Uribe.


 


''O apelo que fazemos é que se ele tem vontade política com os povos indígenas e setores sociais, que se faça em Cali'', disse Ayda Quilcué, conselheira do Movimento Indígena do Cauca.



Da redação, com agências