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Para Belluzzo, fusão entre Itaú e Unibanco é positiva

A fusão anunciada nesta segunda-feira (3) entre Itaú e Unibanco foi considerada positiva pelo economista e professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo. Para ele, em meio às incertezas criadas no sistema financeiro de todo o planeta em meio à crise nascida

Em entrevista ao sítio Terra Magazine, Belluzzo disse que já haviam fortes rumores de que o Unibanco não se encontrava em situação muito favorável nos últimos meses. ''Esses rumores são habituais em momentos de crise. Mas como você não pode comprovar e atestar fica muito difícil de saber. Porque o próprio rumor pode provocar uma corrida (aos bancos). Então, seja como for o fato de ter sido feito a fusão, o fato de ser com o Itaú, um banco reconhecidamente sólido e com excelente reputação, há uma garantia de que o sistema pelo menos não está vulnerável'', afirmou.




O professor entende que a operação realizada aumenta a confiança e pode, de fato, se reverter em melhorias no acesso ao crédito no país. ''Mas não há uma causalidade imediata entre a fusão e o aumento do crédito'', ressalta.



A fusão do Itaú e Unibanco criará a sexta maior instituição financeira das Américas em valor de mercado, segundo levantamento da consultoria Economatica. A soma do valor dos bancos brasileiros é de cerca de US$ 41,323 bi; mais do que o Bradesco – o mais valioso até então na América Latina -, com US$ 34,162 bi.



A fusão



Comunicado divulgado pelo Itaú informa que as negociações ocorriam há 15 meses. O nome oficial do novo banco será Itaú Unibanco Holding S.A., mas não foi divulgado o nome fantasia, pelo qual será conhecido pelos clientes.



A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) disse que não comentará a fusão.



Segundo o documento divulgado pelo Itaú, os controladores da Itaúsa e Unibanco constituirão uma holding em modelo de governança compartilhada. A presidência do Conselho de Administração ficará a cargo de Pedro Moreira Salles (do Unibanco), e o presidente-executivo será Roberto Egydio Setubal (do Itaú).



Para Salles, ''um dos aspectos mais significativos da associação diz respeito ao grande alinhamento de princípios entre as duas instituições, pautado por valores elevados, capacidade empreendedora e a obstinação de buscar sempre os melhores talentos''.



Setubal destaca ''o orgulho que sente pela associação, que possibilitou a criação de uma das maiores instituições financeiras internacionais, com plena capacidade de disputar o mercado com os maiores bancos globais''.



Os dois bancos juntos têm 14,5 milhões de clientes de conta corrente, ou 18% do mercado. As operações de cartões de crédito passam a contemplar as empresas Itaucard, Unicard, Hipercard e Redecard.



O novo banco terá cerca de 4.800 agências e postos de atendimento, representando 18% da rede bancária. Em volume de crédito representará 19% do sistema brasileiro. Em total de depósitos, fundos e carteiras administradas atingirá 21%.



Mantega vê com bons olhos



Após participar de reunião do Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comentou o negócio que formará o maior banco do país e o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul.



''É importante, pois solidifica os dois bancos. É normal que eu um momento de turbulência, de problemas internacionais do setor financeiro, você tenha
um movimento de fusões. São dois bancos tradicionais, dois bancos sólidos, que têm uma atuação importante para a atividade econômica'', afirmou Mantega.



O ministro destacou também a questão que mais preocupa hoje o governo, que é a falta de crédito no sistema financeiro. ''É um fato importante que, nesse momento, eles se unam de modo a continuar cumprindo o papel de liberar crédito'', afirmou.



Mantega reconheceu que a fusão vai aumentar a concentração do sistema financeiro nacional, mas afirmou que esse fator é positivo na medida em que fortalece as instituições que atuam no país. ''Vai mudar um pouco, mas não muito, porque ele já é um setor concentrado. O importante é que essa concentração vem no sentido de fortalecer o sistema financeiro'', afirmou. ''Elas vão ter um poderio financeiro maior'', completou.



Da redação, com agências