Unidade entre centrais vence eleição do Simpere

Juntas, CTB e CUT conquistaram a direção de mais um sindicato em Pernambuco. Desta vez, as centrais sindicais vão estar à frente, pelos próximos três anos, do Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (Simpere). Com a vitória, a Chapa 2, como

Foi uma diferença pequena. Apenas 84 votos separaram o Simpere de mais período de estagnação e o um momento de renovação. Os professores da rede municipal do Recife votaram e escolheram a Chapa 2 para compor a nova diretoria do sindicato. Um grupo formado pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT – através da Articulação de Esquerda e Unidade na Luta) e membros da base da categoria.


 


Em quase um mês de trabalho, a Chapa 2 realizou uma campanha propositiva e plural, ligada com os interesses da categoria. “Foi um pouco difícil porque ainda estamos no período letivo. Então, a maioria dos componentes da chapa estavam trabalhando, mas isso não foi obstáculo. Conseguimos mobilizar os professores e estamos aí para lutar pelos interesses da categoria”, disse a coordenadora geral, Anna Cristina.


 


Entre as propostas colocadas pela chapa está a de um maior percentual sobre o salário e as gratificações do professorado. Esse percentual é calculado com base na graduação, especializações e capacitações dos docentes. “Há um tempo atrás, esse percentual era de 5%, divididos igualmente entre sobre o salário e a gratificação. Atualmente, se juntarmos tudo chega a somente 2,5%”, denunciou a coordenadora.


 


Já que estes valores são baseados na graduação dos professores, uma outra proposta da diretoria eleita é a de promover mais capacitação para estes profissionais. A idéia é fazer com que a Prefeitura do Recife crie acordos com as universidades públicas para que os docentes possam se especializar. “Dessa forma, o professor acaba trazendo também novos conteúdos para a sala de aula”, acrescentou Anna Cristina.


 


Uma terceira proposta, e esta é extremamente importante para a educação no Recife, é a revisão dos Ciclos de Ensino adotado pela prefeitura da cidade. O Ciclo é uma medida que, para evitar o inchaço de estudantes nas diversas séries do Ensino Fundamental, aprova o aluno mesmo ele tenha faltado aulas ou tido um péssimo desempenho durante o ano letivo. “Há algum tempo, existia esse inchaço na 1º série do Ensino Fundamental. Isso já foi resolvido com o sistema de Ciclos de Ensino, mas, agora, precisa mudar. Não queremos a extinção dos ciclos. Queremos que eles sejam revistos”, declarou a coordenadora geral.


 


Uma eleição difícil…
A Chapa 2 conseguiu 1.164 votos contra 1.080 da Chapa 1. Os números mostram que foi uma disputa acirrada e quem acompanhou o processo eleitoral conta que não foi fácil trabalhar uma campanha propositiva, quando a Chapa 1 tentou nivelar por baixo a discussão.


 


Até hoje, está estendida em frente à sede do Simpere uma faixa que acusa a Chapa 2 de ser uma “chapa do governo”. Como se a CTB e a CUT, unidas, apoiassem as decisões do Governo Municipal contra os docentes. “Sabemos que isso não é verdade. A nossa campanha mostrou isso”, esclareceu Anna Cristina.


 


A Chapa 1, composta por filiados ao PSOL e PSTU, até que tentou, mas não conseguiu se reeleger e com esta unidade entre as centrais sindicais, proposta base da CTB, a Chapa 2 derruba um grupo que há 12 anos vinha comandando o Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife. “A CTB nunca esteve presente na diretoria do sindicato. Agora, vamos mostrar que podemos fazer diferente”, comentou a coordenadora.


 


Foi através da atual diretoria (PSOL-PSTU) que o Simpere se filiou à Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), central sindical que sequer é reconhecida. Existe uma Lei que regulamenta a criação das centrais sindicais no Brasil e a Conlutas não atende a algumas exigências propostas por esta Lei. Por isso, tecnicamente, não é legalizada. A CTB e CUT atendem estas determinações e, sendo assim, são consideradas centrais sindicais.


 


Do Recife,
Daniel Vilarouca