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Publicado 04/12/2008 19:37 | Editado 13/12/2019 03:29
Povo lindo, povo inteligente,
o prêmio Cooperifa não parece, mas é um prêmio literário, criado em
2005 para estimular à leitura e à criação poética, principalmente aos
frequentadores do sarau da Cooperifa, um incentivo aos poetas que não
paravam de chegar ao nosso quilombo, e as pessoas da comunidade de
Piraporinha e entorno (Zona sul de SP) que viam na poesia um meio de
comungar a palavra, e um caminho mais curto para o livro, e para a
cidadania.
Mas o sarau da Cooperifa não é feito só de poetas, apesar de toda
poesia que envolve o lugar, e com o tempo, outras pessoas de outras
áreas culturais que fortalecem o movimento, também foram chamadas para
serem premiadas, assim como alguns líderes de bairro, pessoas que
frequentam assíduamente o sarau, professores, entidades, gente que faz
e acontece, jornais revistas, fotografias, eventos, o rap, o samba,
espetáculos, etc.
Mas que principalmente tenham ou tiveram algum tipo de vínculo com a
Cooperifa, que ajudam a promover, engrandecer e divulgar, através dos
seus atos, tudo aquilo que o nosso movimento acredita: que uma outra
periferia é possível!
Por isso, o prêmio, não é um presente aos melhores da periferia, até
porque, são tantas as pessoas maravilhosas -e na sua maioria anônimas
que ajudam a construir este país-, que não haveria prêmio para tantos
guerreiros e guerreiras. Axé para todos eles!
E se a gente pensar bem, para o que é que servem os prêmios?
Para os que lutam uma vida inteira, o suor, a lágrima e muitas vezes o
próprio sangue, é quem determina quem são os heróis e as heroínas
deste Brasil afora. E se o país ainda resiste a todos os tipos de
injustiças e desigualdades, é porque eles existem, não os prêmios.
Quem dera os nossos braços fossem maiores para alcançá-alos.
O Prêmio Cooperifa é um pequeno reconhecimento a estes heróis e
heroínas que estão à nossa volta, ao nosso alcance, e que apesar de
tudo e de todos, ainda acham tempo para sonhar, por si, e pelos
outros. E que nem mesmo a dureza de um dia de trabalho ou a falta de,
é capaz de afastá-los da busca pela poesia, o néctar tão necessário
para suportar o doce e o amargo do dia-a-dia.
E eles, nossos amigos e parceiros, por estarem tão perto , é mais
fácil tocá-las(los) , acariciá-los (las) premiá-las(los), e é o que a
gente queria que também acontecesse em todas as quebradas onde os
nossos olhos não vêem, e que que infelizmente, muitas vezes, nossos
ouvidos não escutam.
O Prêmio Cooperifa não dá retorno financeiro, muitas vezes, nem sequer
prestígio, porque a eleição (sim, há uma eleição!), e feita por uma
comissão de poetas e pessoas que coordenam o projeto, e de forma
simples, os nomes são aprovados ou não, e mesmo depois de tantas
discussões e contagem de votos, a gente sempre esquece de alguém. É a
única hora que a gente sabe que o prêmio tem o seu valor.
Mas ainda assim vale o risco, um discurso não é nada sem a prática.
Há os que fazem. Há os que julgam. Gostamos de fazer. Já há juízes demais.
O Prêmio era para ser uma abraço, na verdade é, só que nós o
materializamo em bronze, na figura do aprendiz de sonhador ''Sancho
Pança'' fiel escudeiro de Dom Quixote, para que os nossos amigos possam
pendurá-lo nas prateleiras de suas casas, para que seus amigos possam
ver que foram abraçados pela Cooperifa, assim, como nós fomos por
eles.
É isso. Nada mais.
''Por uma periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.''
Veja a lista dos premiados no blog:
www.colecionadordepedras.blogspot.com