Serraglio entra no páreo e cresce chance de 2º turno na Câmara
Conforme já havia cogitado, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) lançou nesta sexta (19) sua candidatura avulsa à presidência da Câmara dos Deputados, deixando o quadro da disputa imprevisível. O lançamento aconteceu um dia depois que Michel Temer (PMD
Publicado 19/12/2008 16:23
Osmar Serraglio, que comanda a Primeira Secretaria, responsável por toda a administração da Casa, é uma figura respeitada pelos seus colegas e aposta na sua experiência na Mesa e no trabalho realizado para se eleger presidente.
Numa coletiva à imprensa, o candidato disse que pesou na sua decisão o trabalho de corpo-a-corpo que fez nos gabinetes dos deputados nas últimas duas semanas. Diz que as intenções de votos foram manifestadas apenas pelas lideranças dos partidos. Como o voto é secreto, ele acredita que sua candidatura é viável.
Com Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI) na disputa, agora são quatro candidatos com bastante representatividade na Casa, o que leva aos concorrentes a apostarem na realização de segundo turno.
No Senado, caso o PMDB não abra mão de lançar candidato e garanta o seu apoio a Tião Viana (PT-AC), a situação de Temer pode se complicar ainda mais. Nesse cenário, é improvável que os petistas continuem lhe apoiando.
No blog de Josias de Souza desta quinta, um dos líderes do PSB teria declarado que questionou o presidente Lula sobre a possibilidade de o PMDB comandar as duas Casas. Diz o blogueiro que Lula saiu-se com um comentário sintomático: “Se isso acontecer, o Temer pode não ter nem cinco votos do PT.”
O PMDB lançou a candidatura de Garibaldi Alves (RN) na última quarta com 17 votos favoráveis dos 20 senadores do partido no Senado. O atual presidente da Casa apresentou pareceres de juristas atestando que ele cumpriu um mandato tampão e não concorre a reeleição, o que a legislação não permite.
Para os senadores petistas o lançamento de Garibaldi é um atestado de que o PMDB não tem candidato na Casa. A líder do partido Ideli Salvatti (SC), que já manifestou a intenção de questionar judicialmente a candidatura de Garibaldi, disse que se o partido tivesse candidato apresentaria um com viabilidade.
Influenciado pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), um grupo de senadores do partido vai insistir na tese da candidatura própria. O nome de José Sarney (AP) foi o mais trabalhado, mas ele só aceitaria retornar ao cargo numa política de consenso.
Líder do PSB demonstra otimismo
Diante do quadro estabelecido nas duas Casas, o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF), considerou que as candidaturas de Aldo Rebelo e Ciro Nogueira permanecem “muito fortes”.
“Nós temos quatro candidatos que têm muita credibilidade na Casa e muitos relacionamentos. Existe um clima de desejo de mudanças na condução dos trabalhos (…) A única coisa certa é que nós teremos segundo turno e aí será uma nova eleição com características bem diferentes”, argumentou ao Vermelho.
Ele confidenciou que já esperava a retirada da candidatura de Milton Monti por falta de segurança do próprio candidato. Prevê que os votos do PR vão migrar para candidaturas alternativas como a de Aldo e Ciro.
No seu entendimento o grupo de deputados que apoiava Monti não está disposto a apoiar uma candidatura que reflita a continuidade, como a de Temer. “Embora tenha sido formalizado o apoio do PR ao blocão, os votos da bancada não se transferem automaticamente. Portanto acho que nós vamos ter bastantes novidades nisso”, considerou.
De Brasília,
Iram Alfaia