Demissões: protesto põe mil bebês esmolando em frente à Vale
Na mesma sexta (19) em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a taxa de desemprego se manteve estável em novembro, cerca de 150 manifestantes acenderam velas, colaram marca de pés nas nádegas e espalharam mil bonecos de
Publicado 19/12/2008 20:07
“Foi também um ato contra as declarações do empresário do Agnelli, que quer cortar os direitos trabalhistas”, afirmou o diretor do Sindimina (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Prospecção, Pesquisa e Extração de Minério do Rio de Janeiro), Jorge Campos. Além do Sindimina, também a CUT promoveu a manifestação.
Campos ainda se referiu a uma entrevista de Agnelli, ao jornal O Estado de S. Paulo, na qual o executivo defendeu a flexibilização da legislação trabalhista para as empresas poderem atravessar a crise.
“O que poderia ser flexibilizado é o preço do minério de ferro. AVale não mudou sua postura diante dos compradores, continuou tentando pressionar os preços para cima. A flexibilização deve ser também na negociação dos preços, para que não se perca as vendas e não apenas dos direitos trabalhistas”, comentou Campos.
Bonecos simbolizam as famílias dos 1.300 trabalhadores demitidos pela Vale
Disposição de negociação
O sindicalista disse que na segunda-feira (22) vai encaminhar uma carta a Agnelli e ao presidente do Conselho de Administração da Vale, Sérgio Rosa, propondo que a Vale revogue todas as demissões realizadas desde novembro não só no Brasil, mas em todas as bases da mineradora no mundo. De acordo com Campos, seriam até 3 mil demissões no total. Em troca, o Sindimina aceita negociar redução de jornada de trabalho, com diminuição de salário.
“Caso a Vale aceite recontratar todos os funcionários demitidos desde o dia 1º de novembro até hoje, aceitamos negociar a redução de jornada com redução de salários”, disse o presidente do Sindminas.
No começo do mês de dezembro, o presidente Lula cobrou do presidente da Vale, Roger Agnelli, o motivo das demissões. “Liguei para Roger e perguntei: por que você mandou 1.300 trabalhadores embora? Qual é a crise?”, disse o presidente Lula.
Desemprego estável
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego do país ficou em 7,6% em novembro, praticamente estável na comparação com outubro (7,5%).
A pesquisa do IBGE coleta dados nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), a população ocupada nestas regiões (22,1 milhões de pessoas) “também não apresentou alteração em relação a outubro”.
O contingente de desocupados (1,8 milhão) também ficou estável na comparação do resultado de novembro com outubro, mas caiu 6,1% na comparação com o mesmo mês de 2007.
Foto: Tasso Marcelo/AE