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Em carta, ex-presidente italiano inocenta Cesare Battisti

O ex-presidente italiano Francesco Cossiga admitiu em carta endereçada ao ex-militante comunista Cesare Battisti ter existido perseguição política do governo italiano, de setores da imprensa, de sindicatos e da Democracia Cristã italiana contra organizaçõ

De acordo com a carta, datada de fevereiro do ano passado, o hoje senador Cossiga afirmou ter existido um acordo para, em um instrumento de “luta psicológica, fazer passar os subversivos de esquerda e os subversivos de direita como simples terroristas, ou absolutamente como criminosos comuns”.



Cossiga começa o texto lembrando que nas décadas de 70 e 80, quando foi primeiro-ministro e ministro do Interior, foi um “duro opositor da subversão de esquerda e de direita” e que por ter usado “meios fortes” para reprimi-la, passou a ter seu nome redigido com ‘k’ e com letras ‘s’ em estilo rúnico, que remetiam ao nazismo.



O ex-presidente ressaltou ainda que os delitos cometidos pelos militantes não podem ser considerados transgressões comuns. “Os crimes que a subversão de esquerda e a subversão de direita cumpriram, são certamente crimes, mas não certamente ‘crimes comuns’, porém ‘crimes políticos’”.



Ao final, Cossiga autoriza Cesare Battisti a utilizar a carta como desejar, inclusive com valor jurídico.



O caso



Na última terça-feira (13/1), o ministro Tarso Genro revogou decisão do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) e concedeu refúgio ao italiano Cesare Battisti, causando protestos do governo italiano.



O escritor, que integrou na década de 1970 a organização radical de esquerda PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), e foi condenado pela Justiça da Itália pela suposta participação em quatro homicídios.



Battisti nega a autoria dos crimes e alega ser vítima de perseguição política. Seus advogados no Brasil argumentam que o italiano não teve direito à ampla defesa no julgamento que levou à condenação.



Em 1993, a Justiça italiana reabriu o caso dos assassinatos, que ocorreram entre 1977 e 1979, e acusou o ex-militante baseado no depoimento de um ex-integrante da PAC, que foi beneficado com a delação premiada.



Fonte: Última Instância