Bienal: Mulheres unidas pela equidade de gênero
Em prosseguimento à série de debates promovidos durante a Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes – UNE, que agita a cena política e cultural da capital desde a noite de terça-feira (20/1), o Passeio Público foi palco, pelo quarto dia co
Publicado 26/01/2009 15:32 | Editado 04/03/2020 16:20
A ampliação da participação feminina nas esferas de poder público, a paridade salarial frente aos homens, a luta em criminalizar a violência doméstica, o combate ao machismo, e a legalização do aborto foram as principais questões abordadas no debate na tarde de sábado (24/1) que trouxe à frente a deputada federal pelo PCdoB de Belo Horizonte, Jô Moraes, e a integrante da Marcha Mundial de Mulheres, Alessandra Terribilli. “Combater o fundamentalismo e defender a emancipação das mulheres é, hoje, o grande desafio do movimento feminista”, decretou Jô.
Os números não deixam dúvida e reforçam a importância da consolidação das bandeiras de luta das mulheres. No Congresso Nacional, a representação feminina gira em torno de 8,5 a 9%. Em se tratando de mercado de trabalho, a média salarial feminina é 71% inferior à dos homens (ambos ocupando o mesmo cargo). No ensino superior, os 51% de maioria feminina entre os universitários não se reflete no corpo decente de mestres e doutores; carreiras onde ainda são minoria absoluta. Já os dados sobre violência são, no mínimo, alarmantes: uma em cada seis mulheres é vítima de violência doméstica.
“O grande desafio da sociedade brasileira é garantir a consolidação de um processo de desenvolvimento nacional, no qual homens e mulheres estejam incluídos”, opinou a deputada federal. “Isso exige, em primeiro lugar, que o desenvolvimento seja partilhado não apenas através da participação no mercado de trabalho e da valorização dos salários. Mas, também, através de investimentos em equipamentos sociais e em políticas públicas que permitam a valorização da vida da mulher brasileira”, apontou.
Machismo versus liberdade
Um dos entraves para a consolidação de políticas de equidade de gênero é a forte resistência da mentalidade machista; ainda contundente e absolutamente presente no cotidiano da sociedade. “A relação de gênero é, na verdade, relação de poder”, destaca Alessandra. “A divisão sexual do trabalho não só determina profissões masculinas e femininas, como também tem base material fundamental para se entender a opressão das mulheres, porque é a base material que estrutura a cultura”, explica.
A herança patriarcal, ainda inerente no cume das estruturas sociais e de poder, também tem reflexos sobre a questão da sexualidade livre e da soberania feminina sobre o seu corpo. “As pessoas têm que ser respeitadas em suas convicções filosóficas e religiosas. A mulher, portanto, não pode ser criminalizada por escolher se submeter ao aborto”, defendeu Jô Moraes.
Em maio, a União Nacional de Mulheres – UBM promove seminário na cidade de São Paulo para discutir a legalização do aborto e o direito à autonomia do corpo. “A questão da mulher tem que ser de todos nós, e o debate é fundamental para instigar a construção de uma sociedade cooperativa, responsável e, sobretudo, onde a solidariedade esteja acima das disputas”, endossou a deputada, que também foi a 1ª presidente da– UBM.
De Salvador,
Camila Jasmin