Oposição aponta fraude e ''campanha do medo'' em El Salvador
É entre acusações e denúncias de irregularidades que os partidos que disputam a presidência de El Salvador encerram hoje a campanha eleitoral. Na oposição, a Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) reclama de ''atos fraudulentos'' dos adv
Publicado 11/03/2009 12:27
Em carta aberta, os estudiosos pediram que a Casa Branca se declare pronta para trabalhar com qualquer candidato eleito e repudie publicamente a campanha de medo promovida pela Arena, partido governista que usou a imagem do presidente Barack Obama para influenciar os eleitores. Paralelamente, 31 congressistas também enviaram um documento de conteúdo similar a Barack Obama.
“Fizemos duas viagens a El Salvador, onde entrevistamos acadêmicos, movimentos sociais, os dois principais partidos políticos e a embaixada dos EUA. Pudemos testemunhar a campanha de medo organizada contra o candidato da oposição”, explica o historiador venezuelano Miguel Tinker Salas, um dos signatários da carta aberta.
As iniciativas, contudo, não surtiram efeito. “Apesar de nossos pedidos, a embaixada dos EUA recusou-se a publicar um texto para repudiar o uso de assessores do presidente na campanha de EL Salvador e lembrar que as declarações não representam a opinião do governo americano”, lamenta Salas.
Jornalista de grande popularidade, o postulante da FMLN, Mauricio Funes, enfrentará na disputa do próximo domingo o ex-chefe da Polícia Nacional, Rodrigo Ávila, integrante da Arena, que está no poder há 20 anos. A FMLN tem origem em um grupo guerrilheiro de esquerda que atuou durante a guerra civil, entre 1980 e 1992. E seu candidato é apontado pelas pesquisas como favorito.
Durante a campanha, a Arena vinculou constantemente a imagem do presidente venezuelano Hugo Chávez à de Funes, com o objetivo de disseminar a idéia de que, com uma vitória da FMLN, o país seguiria o projeto bolivariano de Chávez, na Venezuela.
“Chávez e a FMLN são inimigos dos Estados Unidos. Um voto para a FMLN é um voto para Chávez. Não sejamos um satélite a mais de Chávez”, diz um dos anúncios da Arena veiculado em emissoras de rádio e canais de televisão. O partido governista difundiu também um anúncio com entrevistas dadas por Dan Restrepo, assessor de Obama, criticando a política de Hugo Chávez>
O historiador Miguel Salas avalia que, dado o fato de a eleição em El Salvador ser a primeira na América Latina depois da posse de Obama, “seria muito importante que ele recusasse a política do medo para se diferenciar de George Bush e mostrar que quer realmente uma nova relação com a América Latina, como prometeu”.
FMLN acusa irregularidades
A Frente oposicionista apresentou, hoje, documentos que provariam irregularidades no processo eleitoral em benefício da Arena. Sigfrido Reyes, porta voz da FMLN, divulgou o caso da nicaragüense Alba Estela Rodriguez, que esta semana obteve um documento único de identidade com o nome de Astrid Massiel Bermúdez.
''Isto é uma prova autêntica de como se nacionaliza instantaneamente e de maneira legal cidadãoes estrangeiros com o propósito de que votem nas eleições salvadorenhas'', afirmou Reyes à imprensa.
A FMLN levará o caso às missões observadoras da Organização de Estados Americanos e à União Européia. De acordo com Reyes, há vários dias, o partido recebe denúncias sobre a incursão de automóveis suspeitos carregados de cidadãos da Nicarágua, Honduras e Guatemala, alguns dos quais previamente já de porte de um documento de identidade salvadorenho.
''Não podemos permitir que estrangeiros decidam o destino de nosso país'', advertiu. Segundo Reyes, nas eleições de prefeitos e deputados de janeiro passado, aconteceram várias irregularidades, como a falta de garantia para o voto secreto e a presença de indivíduos armados nos colégios eleitorais>
Crítica da União Européia
No bojo das queixas sobre a atuação da Arena, o chefe da missão de observadores que a União Europeia enviou para acompanhar as eleições presidenciais de El Salvador, que ocorrem no domingo, Luis Yánez-Barnuevo García, criticou o papel desempenhado pelo atual presidente do país, Antonio Saca, durante a campanha.
Segundo ele, o presidente ''fez declarações muito desqualificadoras sobre o candidato da oposição (Maricio Funes) o que não é uma prática de países democráticos''. García argumentou que as instituições do Estado, que não pertencem a um partido político, devem atentar para sua neutralidade e independência.
Os partidos
Em janeiro último, a FMLN conquistou o maior número de cadeiras na Assembléia Legislativa, Foram 35, de um total de 84. Apesar disso, a direita continua com maioria no Congresso, já que a Arena elegeu 32 deputados e dois outros partidos com os quais governou em legislaturas anteriores – o PCN e o PDC – conquistaram, respectivamente, 11 e 5 vagas. Além disso, a Frente conquistou 95 prefeituras, contra 120 da Arena, incluindo San Salvador.
Com informações de Operamundi, Prensa Latina e Ansa