Mulheres homenageadas na Câmara se queixam da “invisibilidade”
“A invisibilidade das mulheres ainda é grande” foi destaque feito por Gilce Consenza, que recebeu, nesta quarta-feira (11), junto com outras quatro mulheres, o Diploma Carlota Pereira de Queirós, homenagem da Câmara dos Deputados que marca as comemoraç
Publicado 11/03/2009 18:54
Gilce, que lutou contra a ditadura militar e é ex-presa política, usou sua história de vida como exemplo da invisibilidade das mulheres no Brasil (Leia história de Gilce em Gilce Consenza recebe homenagem por sua luta em defesa da mulher). Ela lembrou que ouvia dos torturadores como ameaças; “Fala logo, você não sabe que podemos fazer com você o que quiser, você é somente um mulherzinha.”
Para ela, a mesa virou e as mulheres que foram torturadas e humilhadas, hoje são exemplos de democracia, de decência e de felicidade para o povo. Mas lamentou que os exemplos das mulheres, como o de Carlota Pereira de Queirós, que dá nome ao prêmio, ainda seja ignorado pelas pessoas, até por aquelas que militam nos movimentos sociais. Carlota Pereira de Queirós foi a primeira deputada brasileira, que exerceu seu mandato entre 1933 e 1937.
Gilce arrancou aplausos da platéia quando disse que “apesar de todas as conquistas, a representação feminina nos espaços de poder é pequena em relação ao papel que tem desempenhado no mundo e no Brasil o sexo ultra-forte, que é sexo feminino, que enfrenta tripla jornada de trabalho, que enfrenta preconceito e enfrenta luta política na qualidade de cidadão e mulher.''
“Como é difícil a visibilidade dos oprimidos. Nós temos referência em Carlota, mas nós, mulheres, que sempre procuramos divulgar a história de luta das mulheres – a mais longa das lutas -, sabemos que a invisibilidade ainda é grande”, afirmou.
Vitórias das mulheres
Na solenidade de entrega do diploma, a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéia Freire, anunciou a criação de uma comissão tripartíde, a exemplo da comissão já existente que discute a descriminalização do aborto, para discutir a política de cotas para as mulheres nos espaços de poder público – legislativo e executivo. A ministra também reafirmou o apoio da SPM à equipe médica que fez o aborto na menina de nove anos que sofreu abuso sexual do padrasto em Pernambuco.
Os demais oradores, como a coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Sandra Rosado (PSB-RN), e o vice-presidente da Câmara, deputado marco Maia (PT-RS) destacaram a criação da Procuradoria da Mulher na Câmara e o anúncio do Presidente Lula de transformar a SPM no Ministério da Mulher.
Também receberam o diploma a secretária de Mulheres de Pernambuco, Cristina Buarque; a vice-presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social de Minas Gerais (Servas), Vitória Motta Leste; a presidente ONG Sociedade Viva Cazuza, Lucinha Araújo; e a ex-deputada Maria Elvira.
De Brasília
Márcia Xavier