Escolas de lata do governo Yeda já abrigam 1,7 mil alunos
O argumento para a utilização dos contâiners como salas de aula, usado pela Secretaria Estadual de Educaçào, é a precariedade de prédios que abrigam escolas públicas gaúchas. Já são 1.730 alunos de cinco educandários, um em Caxias do Sul e quatro
Publicado 05/04/2009 11:33 | Editado 04/03/2020 17:11
“Eram os módulos ou não ter aulas”, sustenta a secretária estadual da Educação, Mariza Abreu. Para ela, os contêineres oferecem melhores condições de estudo do que as escolas velhas de madeira, caindo aos pedaços. No entanto, ela garante que em todas as escolas em que foram colocados contêineres as obras já foram iniciadas.
Porém, a utilização das salas de aula adaptadas tem sido muito contestada por educadores e pais de alunos. A diretora da Escola de Ensino Fundamental Coelho Neto, Patrícia Andreola da Silva, afirma que, dos 720 alunos, 175 estudam nas cinco salas de aula e usam os dois banheiros, sem tampas no sanitário. “Inicialmente gostaram da novidade, pois estavam antes tendo aula no saguão, onde improvisamos com divisórias e sem a menor acústica ou condições mínimas”.
Em março, cem alunos saíram da escola, no bairro Alto Petrópolis, na zona Leste da Capital. “As instalações foram o motivo alegado por pais que conversaram comigo, explicando que não queriam os filhos dentro dos contêineres, por causa de calor e frio em excesso. Argumentei que a solução era provisória, por um ano, até a conclusão do prédio novo, mas não adiantou.”
Os “módulos metálicos habitáveis” são usados, ainda, para reunião de professores e trabalho de supervisão escolar. O aluguel dos contêineres é de R$ 22 mil por mês, enquanto o custo da reconstrução do prédio – pelo projeto que está em fase de análise de orçamento na Secretaria Estadual de Obras – é de R$ 1,1 milhão.
O Cpers Sindicato não tem poupado críticas ao uso das “escolas de lata”. Na semana passada usou um contêiner em protesto diante do Palácio Piratini como símbolo do sucateamento da Educação no Estado. “A situação só não é pior por causa dos trabalhadores em Educação, associações de pais e outros agentes envolvidos em tornar a escola local de exercício da cidadania e de construção de cidadãos responsáveis e éticos”, avalia a presidente do Cpers, Rejane Oliveira.
Especialistas atestam que, no verão, a temperatura dentro das estruturas metálicas variam entre 30 e 36 graus. No inverno, a sensação térmica num contêiner é de quatro graus a menos que a temperatura registrada do lado de fora. “Imagina o suplício que será para alunos de 7 a 17 anos estudarem nestes ambientes cerca de oito meses. Não há didática que resista. A questão é saber se a solução temporária será adotada de forma permanente”, critica Rejane.
O problema da climatização das escolas de lata foi reconhecido pela Secretaria de Educação (SEC), que encomendou estudos de melhorias. A comprovação se deu nos últimos dias, quando a SEC ordenou a colocação de ar condicionado nas quatro salas de lata da Escola Estadual Ismael Chaves Barcellos, em Caxias, onde Mariza Abreu já foi secretária municipal de Educação. Em cada sala, estudam 30 alunos por turno. Os módulos possuem também dois sanitários. Incendiada em 3 de setembro/2008, a Ismael Barcellos precisa ser reconstruída.
O projeto, segundo a Secretaria de Obras, precisou ser refeito. Foi elaborado um plano diretor para a escola, com reforma estrutural, elétrica, hidráulica, rampas de acesso e plataformas elevatórias. De acordo com a Secretaria de Obras, o projeto arquitetônico deve estar concluído em 35 dias úteis. Depois, seguirá processo licitatório e a empresa vencedora terá prazo previsto para conclusão em 180 dias.
Escolas de lata no RS
Escola Estadual Coelho Neto: localizada na zona Leste da Capital, a obra será de reconstrução parcial da escola, no valor de R$ 1,1 milhão. O orçamento está sendo revisado antes do encaminhamento à Secretaria da Educação (SEC).
Escola Estadual General Neto: instalada em Belém Novo, zona Sul da Capital, possui sete salas de aula com 30 alunos cada, mais salas para administrativo, cozinha, refeitório e três sanitários. Devido ao incêndio em julho/2007, a escola começou a ser reconstruída por empresa licitada. O valor era de R$ 940 mil. Pelo não cumprimento do contrato, nova licitação será aberta para adequação e continuidade da obra por outra empresa.
Escola Estadual Oscar Schmitt: a escola na Ilha das Flores precisou ser reformada devido às más condições estruturais, apodrecimento e infestação de cupins. São quatro salas de aula com 19 alunos cada. O projeto concluído há uma semana entrou na fase de orçamento.
Escola Estadual Rafaela Remião: na Lomba do Pinheiro, na Capital, a escola conta com três salas de aula, com 30 alunos cada; e uma sala com 19 alunos, somando 109 por turno. As condições da escola estavam precárias, com perigo de rompimento da estrutura. O investimento é de R$ 195 mil. A previsão para melhorias é de 60 dias, no máximo.
Escola Estadual Ismael Chaves Barcellos: em Caxias do Sul, a escola tem quatro salas de aula com 30 alunos cada, totalizando 120 por turno, e mais dois sanitários. O projeto de reconstrução da escola, incendiada em setembro/2008, precisou ser refeito e o prazo para conclusão é 35 dias úteis (a contar de 3/4).
Fonte: Secretaria de Obras do Estado
Da redação local
Com informações C Povo Net