Seminário defende mais espaço para comunicação independente
No penúltimo dia do Seminário Boas Ideias em Comunicação, iniciado nesta quinta-feira (2) no Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU), os participantes já têm feito avaliações parciais sobre o encontro. Na sexta-feira (3), após um debate sobre mídia livre
Publicado 05/04/2009 15:49
O jornalista Celso Serrão, do Laboratório Internacional de Mídias Livres (Maranhão), diz que já esperava encontrar bons exemplos de comunicação da região Nordeste e do Norte de Minas Gerais, de onde vem a maioria dos convidados para o seminário. “São iniciativas muito locais, que parecem ser muito pequenas, mas as pessoas têm um poder de difusão dessa produção muito grande”, avalia. Ele ressalta a importância do seminário para que os midialivristas percebam que não estão sozinhos. “É uma forma de visibilidade”, classifica.
O Laboratório Internacional de Mídias Livres aconteceu em janeiro, na cidade de São Luís (MA), antecedendo o Fórum Social Mundial deste ano, realizado em Belém (Pará). A princípio, lembra Serrão, a iniciativa foi de um grupo de jornalistas e do Governo do Estado. “Mas os midialivristas conseguiram se apropriar e deram uma dinâmica própria ao encontro”, avalia.
No encontro, segundo o jornalista, foi possível reunir mais de 500 pessoas de todo o Brasil, apesar de obstáculos como a falta de tempo para a organização e a proximidade do Fórum. “A gente descobriu que muita gente faz mídia livre sem dinheiro, na marra mesmo, e outros que fazem com muito dinheiro, mas sem tantas ideias daquelas pessoas que estão nas comunidades”, compara.
Atualmente, estão sendo realizadas diversas reuniões para efetivar o Laboratório como um espaço permanente para pesquisa, troca de experiências e produção de conteúdos relacionados à mídia livre.
Celso Serrão aponta como um dos objetivos a convergência com outras experiências similares, como o Fórum de Mídias Livres, que realizou o primeiro encontro em junho de 2008, no Rio de Janeiro (RJ). “A gente acha que é muito parecido com o que a gente acredita. Nós nos dispomos a participar. É bom como rede que tem uma grande capilaridade, o que falta ao Laboratório”, analisa.
O radialista José Carlos Sousa, o “Carlão do Crato”, diretor da Associação Cearense de Rádios e Tevês Comunitárias no Ceará (Acertcom), vê a diversidade de linguagens e origens das experiências presentes ao seminário como um dos pontos mais positivos. “Esse encontro é muito legal. Eu acho essa troca de informações muito importante”, diz.
Mas logo ele lembra a principal dificuldade para a sustentabilidade dos meios de comunicação. “O lado ruim é a falta de incentivo do Governo Federal, do Estado e do próprio município [de Fortaleza]. Quando vem, é muito pequeno, insignificante e até humilhante para as rádios comunitárias”, desabafa.
Segundo o diretor da Acertcom, a rádio comunitária, como mídia livre, é muito importante para dar vazão à realidade das comunidades pobres. “Mostra mais o lado social de uma comunidade carente, que é praticamente abortada do centro mais elitizado da sociedade”, defende.
As matérias do projeto “Boas Ideias em Comunicação” são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).