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Brasília completa 49 anos: uma “senhora” cidade

Brasília, que nesta terça-feira – 21 de abril – completa 49 anos e comemora a data com festa o dia todo na Esplanada dos Ministérios, é vítima de preconceitos, mas ostenta números que a coloca, com justiça, na condição de “ilha da fantasia”.  A ex

Segundo análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), só em 2007 o Brasil se igualou ao percentual que sua capital já desfrutava em 1992 no número de habitantes com mais de 11 anos de escolaridade.


 


Quase 60% da População Economicamente Ativa (PEA) do Distrito Federal – 774 mil pessoas aproximadamente – concluiu o Ensino Médio. O dado é bastante superior ao verificado na média brasileira, de 40%. O índice nacional está 15 anos atrasado em relação Brasília.
 


Quanto à renda, 17% da população do DF vive abaixo da linha de pobreza de meio salário mínimo per capita. No Brasil, esse percentual é de 35%, como assinala Jorge Abrahão de Castro, diretor de Estudos Sociais do Ipea. Segundo ele, a diferença na escolaridade propicia trabalho com melhor remuneração, como o emprego público. É uma situação diferenciada. A carreira de Estado, em geral, exige uma formação maior e também remunera melhor, admite.
 


Conforme pesquisa da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), na área tombada de Brasília (Plano Piloto) e adjacências, a taxa de analfabetismo em 2004 era de 0,6%; apenas 1,6% das crianças e adolescentes estavam fora da escola e mais de 42% dos adultos possuíam curso superior completo.
 


Brasília e o resto



Se a situação de Brasília destoa com o resto do Brasil, os dados da periferia a aproximam do conjunto da sociedade brasileira. Segundo a mesma pesquisa da Codeplan, nos assentamentos urbanos da Estrutural e de Itapoã a taxa de analfabetismo era de 8%, o percentual da população de 7 a 14 anos fora da escola atingiu de 5,4% e o total de adultos com curso superior não passava de 0,3%.
 


Conforme Sérgio Magalhães, da diretoria de Gestão de Informações da Codeplan, a desigualdade em Brasília é bem demarcada no espaço. Ele avalia que as diferenças socioeconômicas entre a áreas nobres e a periferia são o problema sério da capital. Há muita riqueza nas mãos de poucas pessoas. Estamos no primeiro lugar da desigualdade, lamenta.



Magalhães informa que o Coeficiente de Gini de Brasília é de 0,6 – acima do verificado no Brasil, de 0,53. O indicador mede a razão entre a riqueza produzida e quantidade de pessoas que a concentram. Nas contas de Sérgio Magalhães, 85% da renda dos brasileiros provém do trabalho e a remuneração deste é estabelecida pela qualificação e escolaridade. Onde tem concentração de riqueza, há concentração de pessoas mais capacitadas. Onde há mais pessoas qualificadas, há mais chances de pessoas com maior rendimento.



Modelo de desigualdade



Para o sociólogo Pedro Demo, a capital virou referência no país das desigualdades sociais. Ao invés de ser uma capital diferente, mais balanceada, menos drástica, acabou se acomodando no mesmo modelo. É uma imagem bem clara do que o Brasil tem sido, diz descartando o mito da ilha da fantasia.
 


Segundo o cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das regiões administrativas de Brasília, feito pela Codeplan em 2003, o Lago Sul tinha um índice melhor do que a Noruega -1º lugar em qualidade de vida entre os países, conforme a ONU) – e Brazlândia (a 47 km do Plano Piloto) tinha o 90º lugar, atrás da Tailândia.



Brasília poderia ser chamada Norulândia, um lugar muito parecido com a Belíndia inventada pelo economista Edmar Bacha na década de 1970 para explicar que o Brasil tinha um padrão de riqueza próximo da Bélgica, mas com sua população vivendo como os milhões de indianos.



Comemorações



A festa em comemoração aos 49 anos de Brasília, nesta terça-feira (21), deve reunir 1,5 milhão de pessoas na Esplanada dos Ministérios. A população e os turistas já sabem que é uma festa voltada para a família. Nós investimos na logística, na questão da segurança. Será uma festa muito tranqüila, afirma Luciano Tourinho, da Empresa Brasiliense de Turismo (Brasiliatur).
 


Segundo ele, a programação especial pretende agradar a todos, com shows musicais, serviços da Secretaria de Justiça para o cidadão, missa e brincadeiras para as crianças. Com exceção da Biblioteca Nacional e do Museu da República, os pontos turísticos da cidade estarão abertos visitação durante todo o dia.
 


Para chegar ao local haverá metrô de graça e passagens de ônibus a R$ 1. A segurança será feita por 5 mil policiais militares. A festa começa às 7 horas da manhã e a última atração do palco principal está programada para as 23h30.



De Brasília
Márcia Xavier
Com agências