Guatemala: presidente acusado de assassinato denuncia complô
O presidente da Guatemala, Alvaro Colom, denunciou a existência de um complô orquestrado pela oposição para tirá-lo do poder e disse que jamais pensou em renunciar. Ele é apontado como um dos possíveis responsáveis pela morte do advogado Rodrigo Rosenberg
Publicado 16/05/2009 16:57
Questionado sobre a possibilidade de deixar o governo por causa do escândalo, ele afirmou que esta é uma hipótese que “jamais considerou”. “Tenho meu coração limpo e minha consciência totalmente tranquila. Este é um problema de justiça, um problema de manipulação e aproveitamento de maus guatemaltecos, que se valem de uma tragédia para provocar uma crise”, enfatizou.
O mandatário afirmou que o Partido Patriota, que faz oposição a seu governo, estaria por trás do suposto golpe, já que é o único grupo político que se pronunciou sobre a morte de Rosenberg e pediu sua renúncia.
“A Guatemala tem a estrutura [necessária] para suportar a crise política provocada por maus cidadãos”, enfatizou. Ele garantiu que não deixará a presidência “enquanto as investigações não terminarem”.
A polêmica veio à tona na segunda-feira (11), quando um vídeo distribuído durante o funeral de Rosenberg mostrou o próprio advogado dizendo que o responsável por sua morte havia sido o presidente.
Na mensagem, que tem 18 minutos e foi gravada no escritório do jornalista Mario David García, a vítima afirma que fora assassinado a mando do secretário da presidência, Gustavo Alejos, e do sócio dele, o empresário Gregorio Valdez, com a ajuda do presidente.
O motivo do crime seria o fato de ele ser advogado do empresário Khalil Musa e de sua filha, Marjorie. Ambos foram mortos em abril porque Musa teria se negado a fazer parte de um esquema de corrupção após assumir a direção do Banco de Desenvolvimento Rural, cuja maioria do capital acionário pertence ao Estado.
Também estariam envolvidos na fraude a primeira-dama, Sandra Torres de Colom, o gerente-geral do Banco de Desenvolvimento Rural Fernando Peña e o gerente de comercialização da Federação de Cooperativas Agrícolas de Produtos de Café, Gerardo de León.
Durante a semana, centenas de guatemaltecos saíram às ruas para pedir ao Congresso que suspenda a imunidade do presidente para que ele seja investigado e possa ser destituído ou renuncie.
Grupos alinhados a Colom, por outro lado, e pessoas que são beneficiárias dos programas sociais implementados por seu governo, defendem a permanência do mandatário no poder.
A família de Rosenberg convocou para este domingo uma marcha para exigir que os responsáveis pelo crime sejam identificados e punidos. A Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala, grupo ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), trabalha no caso e pretende investigar também as mortes de Musa e sua filha.
Na quarta-feira, durante uma entrevista, Colom já havia negado seu envolvimento com o crime e disse que só deixaria a presidência “morto”. Na conversa com a BBC, ele disse desconhecer os motivos que teriam levado o advogado a gravar o vídeo.
Fonte: Agência Ansa