Sem categoria

Partido deve ter 'militância mais estável', avalia Sorrentino

O Encontro Nacional de Organização, encerrado na noite desta quarta-feira, 27, estabeleceu posições que podem ser resumidas na declaração do secretário Walter Sorrentino: “o partido renovou as suas concepções e práticas, hoje mais flexíveis e atualizadas

No segundo dia, o evento teve como centro o balanço e as perspectivas da secretaria de Organização. Também tratou da aplicação da Carteira Nacional Militante, as metas de mobilização para o 12º Congresso, as normas congressuais e propostas de mudanças pontuais no Estatuto. “Fazemos o balanço não com a perspectiva de olhar para trás, mas no sentido de iluminar os caminhos a serem percorridos daqui para frente e acho que este caminho está claro: temos de mudar o eixo da direção organizativa”, resumiu Sorrentino.



 
Para a secretaria, que em seu encontro procurou pautar os principais assuntos que marcarão o 12º Congresso, os próximos passos do PCdoB devem estar calcados sobre a melhoria das relações entre as bases e as estruturas de direção, aproximando militantes e partido, relação para a qual o papel dos quadros é fundamental. “O PCdoB tem 230 mil membros, mais da metade atuando de forma militante. Porém, é preciso uma militância mais estável, mais permanente, mais ampla e para isso é necessário estruturar melhor o partido e os militantes em organizações partidárias de base para fornecer liames entre eles de maneira que tenham uma pauta em comum no local onde atuam”, explicou Sorrentino.



 
O dirigente diz que “o PCdoB cresceu e hoje permite que dotemos essa militância de organizações mais presentes na luta do povo de forma mais permanente. E mais: acho que esse é um problema essencial da luta pela hegemonia política, inclusive na luta por maior força eleitoral”. Para ele, quando “se combina uma política de quadros com os esforços por uma militância mais estável e estruturada em organizações mais definidas, abre-se um novo período no trabalho da organização e essa é a principal conclusão do encontro”.



 
Os debates ocorridos nestes dois dias, envolvendo mais de 50 representantes de 21 estados, mostraram, de acordo com o dirigente, “grande consciência dos desafios colocados”. Agora, enfatizou, “é necessário maturar o debate no seio do Congresso e ver quais modificações vamos implementar”. Porém, ele ressaltou que a construção de uma militância mais estável e estruturada em organizações de base mais definidas “configuram uma mudança no eixo da direção organizativa e vai demorar algum tempo para tirarmos todas as conseqüências disso. Mas, confio muito nos secretários de Organização e na coesão em torno desses eixos”.



 
Balanço visando o futuro



 
Todos os documentos apresentados durante o encontro passarão ainda por aprovação para serem implementados nacionalmente. Mas, o debate em torno dos textos já deu indicações dos caminhos a serem seguidos.
 



No caso do balanço da secretaria de Organização, um dos pontos foi a constatação de que entre 2002 e 2005 houve uma importante renovação da cultura política da organização partidária e, entre 2006 e 2009, a partir do impulso advindo da reeleição de Lula, deu-se também um período de maior expansão das fileiras do PCdoB.



 
O balanço também aponta que se reforçou o caráter comunista do partido – com quadros comprometidos com um projeto político estratégico – e claramente antiliberal. Ao lado disso, aprofundou-se a participação dos comunistas nos movimentos sociais em frentes estratégicas como trabalhadores, juventude e mulheres, entre outros.



 
O texto ainda destaca, por exemplo, a maior institucionalização da vida partidária nos termos do Estatuto do 11º Congresso, a ampliação das fileiras partidárias levando à eleição de 42 prefeitos, 66 vices e 608 vereadores nas últimas eleições e a consolidação de um partido politicamente unificado em nível nacional.



 
Por outro lado, no que tange às perspectivas, a secretaria procurou apontar que há ainda defasagens em direções estaduais e municipais cujas causas podem estar ligadas a fatores como dificuldade de posicionamento político e falta de unidade e ação. Também foi apontada a necessidade, como já colocado, de se estabelecer uma militância mais estável com organizações definidas e questões relacionadas a certo politicismo muitas vezes presente no cruzamento entre a atuação institucional e a vida interna do partido. 



 
A resolução de tais problemas passaria, portanto, por uma renovação profunda na relação com os quadros, de maneira a contribuir com a melhor governança do partido. Neste sentido, ganha força a necessidade de se aprimorar as organizações de base, além da maior ligação entre militantes, entre estes e as direções intermediárias e entre eles e o povo.



 
Quanto às metas de mobilização, ainda se discute quanto caberá a cada estado, mas de maneira geral a direção nacional espera poder mobilizar todos os seus membros e, ao mesmo tempo, levar a todos (em torno de 230 mil) a Carteira Nacional Militante, tida pelo PCdoB como instrumento essencial para a estruturação da militância e institucionalidade partidária.



 
Do diagnóstico às soluções



 
Na avaliação de Ana Rocha, presidente do PCdoB no Rio de Janeiro, “estamos passando do diagnóstico para a as soluções”. O momento atual, destacou, deve ser pautado pela ''articulação entre o projeto eleitoral de 2010 e o processo congressual de maneira que seja possível pôr em movimento agentes da cena política. Se conseguirmos viabilizar nosso projeto, estaremos projetando novas lideranças e quadros''. Para isso, ela julga essencial ''a participação intensiva de jovens e trabalhadores nas conferências estaduais'', a despeito das agendas de movimentos sociais, marcadas neste ano especialmente pelos congressos da UNE e da CTB. Ana destacou ainda a necessidade de haver maior participação de parlamentares e comunistas que atuem na área institucional no processo de mobilização.


 


Já Gilmar Tadeu Alves, secretário de Organização de São Paulo, disse que ao longo dos últimos anos, ''o partido conseguiu firmar uma linha de estruturação a partir da direção nacional. Houve um trabalho coletivo que está sendo reproduzido nos estados. Ou seja, há hoje uma linha de continuidade que independe de quem está na direção''. No que diz respeito à Carteira Militante, Tadeu colocou que ''ainda falta compreensão sobre o papel dela na estruturação e no fortalecimento de vínculos entre militantes e partido''.


 


Joel Benin, secretário no Paraná, destacou a campanha ''Mais PCdoB'', que o partido vem desenvolvendo no estado. ''Queremos fortalecer ideológica, política e organicamente o partido, tendo a questão política como motor'', explicou. ''Na sua segunda fase, vamos associar o trabalho político e de organização com o Congresso do partido e as eleições de 2010''.


 


Domingos Sales, do Amazonas, destacou o papel da formação. ''Nesse processo de valorização dos quadros, a formação é fundamental. Conseguimos em nosso estado capacitar 70% da direção com cursos. Para esse novo período que o partido vai adentrar, será necessário ainda mais ousadia para conciliar o aumento de filiações com a formação dos quadros''. Abel Rodrigues, do Ceará, por sua vez enfatizou: ''precisamos imprimir um ritmo de intensa vida coletiva e fazer com que as bases sejam de fato instituições do partido''. 


 


O encontro contou ainda com os secretários de Formação, Adalberto Monteiro, e de Juventude, Ricardo Abreu ''Alemão'', que fizeram breves relatos sobre as prioridades de suas secretarias.


 


De São Paulo,
Priscila Lobregatte


 


Leia também: Renato Rabelo: PCdoB deve sair rejuvenescido do 12º Congresso