Fusões entre empresas no país somaram R$ 19 bi até abril
As fusões e aquisições de empresas obviamente foram afetadas pela crise, mas é uma área da economia que, no Brasil, como os números indicam, está muito longe da estagnação. Nos primeiros quatro meses de 2009, mesmo com uma redução de 25% diante do primeir
Publicado 01/06/2009 13:14
Somente em abril, em operações destacadas pela Consultoria PricewaterhouseCoopers, os negócios desse tipo envolveram movimentação de R$ 15,4 bilhões. “O fato é que, mesmo em um contexto de muita cautela, muita preocupação internacional e de incerteza, a curva do número de operações está ascendente. Fica fortalecido, nessas condições, o investidor financeiro, que está capitalizado, pois há várias empresas que estão com problemas financeiros momentâneos”, diz Alexandre Pierantoni, sócio da Price.
De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) — que, em seu ranking, só considera operações com valor superior a R$ 20 milhões — no 1º trimestre de 2009 foram fechadas 20 operações totalizando R$ 132,4 bilhões entre operações de fusão, aquisição, reestruturação societária e oferta pública de ações. Desse montante total, 80,7% foram referente à fusão Itaú/Unibanco, fechado ao final de 2008.
Sinergia
Para a Anbid, das operações fechadas no 1º trimestre de 2009, 15% foram de negócios com volume acima de R$ 5 bilhões, contra 4,3% em todo o ano de 2008. Em função também de grandes operações, o volume médio das operações neste trimestre foi de R$ 6,6 bilhões. O grande destaque do ano foi a fusão, ainda a ser ratificada pelos órgãos reguladores da concorrência, da Sadia com a Perdigão, formando o embrião da terceira exportadora brasileira, atrás apenas da Petrobras e da Vale, e maior exportadora mundial de carnes processadas.
“Em momentos como esse, uma crise de liquidez, certamente oportunidades vão acontecer mais adiante. E as empresas devem aproveitar isso para tentarem estabelecer sinergia entre competências e aumentar as vantagens comparativas. Foi isso que levou a Sadia e a Perdigão a fazerem sua fusão. Acredito que outros ramos podem vir a vislumbrar oportunidades futuras e seguirem o mesmo caminho”, diz Ruy Quintaens, economista do Ibmec.
Tendência
Quintaens prevê que, tão logo os bancos americanos concluam seus processos de ajustamento, daqui a um ano e meio, dois anos, o mundo assistirá a novas grandes fusões, principalmente de bancos. No universo considerado pela Anbid, destaca-se que, no primeiro trimestre de 2009, aquisições entre empresas brasileiras representaram 64,7% das operações.
“Outro dado importante foi de operações de aquisição envolvendo estrangeiras. Neste período, não tivemos nenhuma empresa brasileira sendo comprada por estrangeiras, porém três empresas americanas foram compradas por brasileiras. Em número de operações, destaque para Financeiro, Energia e Alimentos e Bebidas que, juntos, representam 55% das operações fechadas nos primeiros três meses de 2009”, diz o relatório da entidade.
No levantamento de fusões e aquisições do trimestre realizado pela consultoria KPMG, embora os números não coincidam exatamente com os da Anbid e da PricewaterhouseCoopers, a tendência é a mesma: houve uma redução significativa de transações. No primeiro trimestre de 2008, foram 159 transações. Em 2009, em período equivalente, foram 101, cifra menor também do que a registrada no quarto trimestre de 2008, quando, no que por enquanto aparece como núcleo da crise mundial, foram fechadas 140 operações.
Estabilização
A explicação para esta aparente anormalidade em uma conjuntura de turbulência é dada por Luiz Mota, sócio da KPMG. “Estas operações normalmente demoram alguns meses. As transações fechadas em março, abril e maio, por exemplo, já vinham sendo negociadas há algum tempo” “Então, há uma inércia que não esconde a queda, mas nota-se que voltou-se aos patamares intermediários entre 2006 e 2007, em termos da quantidade de transações que foram fechadas” explica o executivo. Mota esclarece também que, com base no número de transações, é difícil dizer que já há uma recuperação no primeiro trimestre.
“Está mais para uma estabilização. Mas o número de consultas que se observa no mercado nos dá o sentimento de que as empresas voltaram a olhar este tipo de negócio com um pouco mais de apetite, porque já há um cenário mais previsível da crise. Há cinco meses não se conseguia sequer imaginar para onde iria a economia mundial. Agora, com um pouco mais de previsibilidade, há empresas com posição forte de balanço que olham para outras que estão no mercado com preços atrativos para grandes compradores. Algo que deverá aparecer como fato já no segundo semestre do ano”, conclui.
A informação é da Agência JB