Focus indica e Copom deve cortar Selic em 0,75%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia nesta terça-feira a quarta reunião do ano para avaliar os rumos da taxa básica de juros da economia, a Selic, que remunera os títulos públicos depositados no Sistema Especial de Liquidaçã
Publicado 09/06/2009 13:10
A taxa de juros está em 10,25% ao ano desde o dia 29 de abril e pode baixar pelo menos mais 0,75 ponto percentual, para 9,5%, de acordo com projeção média do boletim Focus, do BC, divulgado na segunda-feira (8), com o resultado de pesquisa feita com aquela meia-dúzia de operadores do mercado financeiro e que acaba ditando os parâmetros da política monetária.
A reunião do colegiado de dirigentes do BC é realizada com intervalo médio de 45 dias e é dividida em duas sessões, sempre no fim da tarde. A primeira parte, nesta terça-feira, reúne os dirigentes de departamentos do banco para avaliações estruturais dos diferentes segmentos da economia. No dia seguinte, participam somente os diretores com direito a voto.
O Focus indicou uma redução de 0,75 ponto percentual, Mas o setor produtivo da economia defende uma redução mais vigorosa, por entender que “a queda da Selic é condição essencial para o equilíbrio da dívida pública”, como destaca o presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), Abram Szajman. Segundo ele, o Copom deve se preocupar em alinhar as políticas monetária e fiscal, de modo a criar condições para investimentos empresariais e a geração de empregos.
A mesma opinião tem o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. Ele lembra que apesar de o país ter hoje o juro mais baixo da história recente, continua sendo uma das taxas mais altas do mundo, em termos reais (descontada a inflação), e isso inibe investimentos.
Bens de capital
Mas o BC vai diminuir o ritmo de afrouxamento monetário, que foi de 1 ponto percentual em janeiro, 1,5 ponto percentual em março e novamente 1 ponto percentual em abril. O corte será, muito provavelmente, de 0,75%, como indicou o Focus — o que fará com que a Selic caia de 10,25% ao ano para 9,5% ao ano, pela primeira vez com um dígito desde o Plano Real.
A avaliação de o espaço para o Copom continuar na contramão da queda generalizada dos juros em todo o mundo vem do fato de que a equipe econômica já admitiu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de uma retração mais forte da economia no primeiro trimestre. E isso é temerário. O governo tem tomado medidas acertadas, mas os dados do desemprego mostram que a crise chegou para valer na indústria.
A queda do segmento de bens de capital, desde outubro, quase chega a 30%. O governo deu incentivo fiscal, supriu o crédito, gastou mais. Mas a política de juros continua, valorizando o real e prejudicando as exportações de manufaturados, pode travar ainda economia. O IBGE divulgou também que, de março para abril, a folha de pagamento dos trabalhadores da indústria recuou 0,2%. E, no confronto com abril do ano passado, a retração somou 1,8%. As demissões superaram as contratações em dez dos 14 locais pesquisados na comparação entre os meses de abril dos dois anos.
Com agências