Governo Yeda promove “pesquisa incomum”. CPERS denuncia manipulação
O governo do Estado, em parceria com o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade e o Instituto Methodus, chamou pessoas previamente selecionadas para realizar uma pesquisa manipulada sobre as carreiras dos servidores públicos, na semana passada, den
Publicado 09/06/2009 16:54 | Editado 04/03/2020 17:11
Segundo o sindicato, o convite para a referida pesquisa não indicava sequer o local de realização da mesma, apresentando apenas os telefones da Ouvidoria do Governo do Estado. “Talvez com vergonha do método utilizado, a governadora Yeda Crusius e a secretária de Educação, Mariza Abreu, não compareceram à abertura”, diz nota do CPERS.
As pessoas selecionadas para a pesquisa foram reunidas nas dependências da PUC-RS para avaliar as carreiras dos servidores, especialmente a do magistério. Mas os professores e servidores de outras áreas descobriram o local e organizaram um protesto. Com faixas e cartazes, ocuparam o saguão e o auditório do prédio 40 da PUC. Ainda segundo o CPERS, muitas pessoas (que tiveram viagens e passagens pagas pelo governo) foram chamadas para o evento sem saber do que se tratava. Mais de R$ 500 mil foram gastos pelo governo para promover a “pesquisa”, denuncia o sindicato.
A metodologia da mesma foi importada. Segundo o professor James Fishkin, da Universidade de Stanford, uma “pesquisa comum” teria respostas baseadas “no conhecimento breve de uma pessoa sobre determinado assunto, enquanto a pesquisa deliberativa” expressa a opinião da pessoa tendo acesso à informação. A informação, no caso, foi a proposta do governo para alterar o plano de carreira dos servidores, uma exigência do Banco Mundial para conceder novos empréstimos ao Estado.
Pelo método do professor Fishkin, assinala o CPERS, Yeda talvez não tivesse uma avaliação tão negativa como a que mostrou recentemente o Instituto Datafolha. A referida pesquisa apontou que para 57% dos gaúchos existe corrupção no atual governo estadual. Entre estes, 70% defenderam o impeachment da governadora. Além disso, o governo Yeda foi avaliada como ruim ou péssimo por 51%, a maior reprovação registrada na história do instituto.
O CPERS está cobrando explicações sobre a origem e a quantia total do dinheiro gasto com a pesquisa. Dezenas de ônibus e vans foram contratados para transportar os participantes da “pesquisa deliberativa”. “Se as despesas foram bancadas pela iniciativa privada, fica claro o interesse do empresariado no controle da educação pública gaúcha”, diz o sindicato.
FONTE: RS Urgente