Luis Nassif: Ciclo dos juros baixos à vista
Ainda tem que se caminhar muito em direção à criação de uma taxa de juros de países civilizados. A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), de reduzir a Selic em 1 ponto, traz a taxa para a faixa de um dígito pela primeira vez na história.
Publicado 11/06/2009 18:12
Mesmo assim, a Selic continua uma taxa extremamente elevada, ainda mais em função das demais taxas internacionais. Continua permitindo as arbitragens em cima do real. Além disso, na ponta o dinheiro continua extremamente caro.
Tem que se avançar urgentemente em duas linhas:
1. Pacto com o mercado, de reduzir a tributação sobre as operações financeiras e exigir a ferro e fogo a redução do spread. Inclusive com o uso intensivo do Código de Defesa do Consumidor e das leis de direito econômico.
2. Estabelecer taxações para a livre entrada de capitais.
Hoje em dia há uma dinheirama de brasileiros entrando e saindo do país, não ajudando a consolidar um nível estável de poupança. Esse dinheiro era da mesma natureza dos capitais voláteis do início dos anos 30.
Agora, tem-se um combate gradativo aos paraísos fiscais, escassas possibilidades de investimento em outras economias. E parte desse capital começa a ser despejado na economia real.
É o momento de aumentar o custo dessa volatilidade e induzir a vinda de mais capital para a economia real.
Quem leu meu “Os Cabeças de Planilha” sabe que, na análise comparativa do então ciclo especulativo, com o que ocorreu nos anos 20 e 30 no país, previ os seguintes pontos:
1. Fim do ciclo especulativo internacional, pela ampla disfuncionalidade dos mercados.
2. Ampliação do combate dos estados nacionais ao crime organizado, o que resultaria em cerco cada vez maior aos paraísos fiscais.
3. Esses capitais brasileiros internacionalizados regressando ao país, indo irrigar a economia real.
Ainda não chegamos, mas estamos perto do início do terceiro ciclo.
Fonte: Luis Nassif Online (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/)