Manoel Alves Ferreira

O deputado Flávio Dino elogia em seu artigo semanal para o Jornal Pequeno a trajetória do empresário Manoel Alves Ferreira, que faleceu no dia 13 de agosto, em São Luís.

A notícia do falecimento do empresário Manoel Alves Ferreira, em 13 de agosto, remeteu-me imediatamente à minha infância na Rua de Santana, no centro de São Luís. Ao lado da minha casa nesse endereço, funcionava uma das lojas do Grupo Lusitana comandado por esse grande empreendedor. Portanto, há entre mim, a Lusitana e, conseqüentemente, Manoel Alves Ferreira, saudáveis lembranças do tempo de criança.

Vivi a minha infância ouvindo dizer que se “fazia lusitana” numa referência a ir ao supermercado para as compras do mês. Essa frase dita e repetida por milhares de famílias maranhenses mostrava a força e a solidez de uma marca comandada pelo pioneirismo de Manoel Alves Ferreira. Coube a ele transformar a pequena mercearia Lusitana, da rua Grande, no centro de São Luís, fundada pelo sogro Domingos da Silva Borges, em uma das principais redes de supermercados do Nordeste.

Ao assumir o comando dos negócios, Manoel Ferreira adotou práticas inovadoras como a entrega em domicílio dos pedidos feitos por telefone ou no balcão. A idéia pioneira de Manoel Ferreira vingou, levando a empresa a ampliar a sua clientela e a se destacar na economia maranhense. Depois, em 1962, Manoel Ferreira foi o precursor do modelo de auto-atendimento, após conhecer o sistema nos Estados Unidos. A partir daí a empresa só cresceu graças ao espírito aberto às mudanças de Manoel Ferreira. O empresário estava mesmo à frente do seu tempo.

A história de Manoel Ferreira – a quem homenageamos – é, portanto, a história do Grupo Lusitana no Maranhão. A empresa construiu um sólido patrimônio composto por 25 lojas. No ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) ficou por vários anos entre as sete maiores da região e era apontada como a 15ª em faturamento no país. Também ocupou rankings importantes da Revista Exame e do Jornal Gazeta Mercantil, que a apontava entre as 500 maiores empresas brasileiras.

As características empreendedoras de Manoel Ferreira o levaram a fundar a Associação Maranhense de Supermercados (Amasp), entidade de grande importância, tendo sido o seu primeiro presidente. Também no campo da política empresarial, foi presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de São Luís (CDL). O reconhecimento ao seu trabalho veio em forma de homenagem pela Associação Comercial do Maranhão (ACM) que lhe concedeu o primeiro diploma de Empresário do Ano, instituído pela entidade em 1987.

Manoel Ferreira era casado com a senhora Rosalina Borges Ferreira e pai de seis filhos: Afonso Henrique, Afonso Manoel, Afonso Domingos, Domingos Afonso, Maria Olívia, Maria Tereza e Maria de Fátima, e deixou, além de uma família, um legado a todos os maranhenses, certamente inspirador para esta e para outras gerações de empresários. Que o pioneirismo de Manoel Ferreira, precursor do modelo de supermercado no comércio maranhense, permaneça vivo em todos nós e seja um estímulo a toda a classe empresarial de nosso estado.

Os nossos empresários ainda carecem de incentivos legais que lhes dêem condições de ampliar os seus negócios, tornando-os cada vez mais competitivos em escala nacional. Louve-se a iniciativa das entidades empresariais do Maranhão nos diversos segmentos econômicos, que dia-a-dia não medem esforços nessa direção. À frente dessas entidades estão valorosos empresários que, além de comandar suas empresas, dão sua contribuição para o fortalecimento da política empresarial maranhense, discutindo, propondo e reivindicando o reconhecimento e o fortalecimento da economia do estado.

Como deputado federal tenho, reiteradas vezes, demonstrado a necessidade de o poder público ampliar a oferta de apoio à classe empresarial, com base em compromissos com a geração de empregos, respeito aos direitos trabalhistas e busca do desenvolvimento do nosso estado. É preciso que os governantes ajudem o surgimento de novos negócios, desburocratizando procedimentos, concedendo incentivos fiscais, apoiando do pequeno ao grande empresário, para que mais e mais o nosso Maranhão se desenvolva, oportunizando a toda a população a oferta de mais trabalho e condições mais dignas de vida. Precisamos eliminar da vida maranhense as proteções ilegais ou perseguições partidárias, implementando políticas públicas de modo impessoal, prestigiando o trabalho, a inovação e a alma empreendedora, independentemente de grupos políticos. Só assim modernizaremos a relação entre política e negócios, varrendo o patrimonialismo que atrasa o Maranhão.

A partir do exemplo de Manoel Ferreira, que permanecerá vivo, é possível acreditar que estando abertos às mudanças e com boa dose de ousadia os nossos sonhos tornam-se realidade. O sonho de Manoel Ferreira era fazer da Lusitana uma marca no coração dos maranhenses. Ele conseguiu.