Acordo com aposentados contenta o governo e desagrada CTB
O acordo fechado na noite desta terça-feira (25) entre governo e centrais sindicais sobre o reajuste dos aposentados vai garantir ganho real aos benefícios, que ficam vinculados ao crescimento da economia. Mas os aposentados abriram mão das quatro matérias que tramitam na Câmara que tratam da reposição de perdas salariais aos aposentados. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) manifestou desagrado com o acordo.
Publicado 26/08/2009 16:35
Pelo cálculo acordado, o índice de reajuste das aposentadorias será de metade do PIB (Produto Interno Bruto) do ano anterior mais a inflação. Com isso, os benefícios acima do salário mínimo terão reajuste em torno de 6,5% em 2010. Quanto ao salário mínimo, está garantido até o ano de 2023 o reajuste com base no PIB inteiro mais a inflação.
O líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), saiu da reunião comemorando. Segundo ele, o acordo, além de histórico, "foi muito positivo, pois atinge um patamar mais justo de concessão de aposentadoria, mantendo o equilíbrio nas contas da Previdência, o que sempre foi uma preocupação do governo".
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, ao contrário, saiu do encontro reforçando com veemência sua posição contrária a proposta. Para ele, esse é um esforço do governo para compensar o fim do fator previdenciário, mas na essência não se obtém alteração significativa, já que penaliza o trabalhador e a trabalhadora que começaram a trabalhar muito cedo, mas não atingiu a idade mínima.
”A CTB reafirma sua posição contra a proposta 85/95 e reforça sua defesa do reajuste do salário mínimo, que deve ser repassado para as aposentadorias, e não aceita a retirada de nenhum projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional que visa beneficiar os aposentados e pensionistas do INSS, principalmente em relação ao fator previdenciário, que considera necessário ser extinto com urgência, reiterando seu total apoio ao projeto do deputado Paulo Paim (PT-RS)”, anunciou.
Parlamentares e representantes do governo, das centrais sindicais e dos aposentados negociaram durante dois dias desta semana a política de reajustes das aposentadorias e pensões acima de um salário mínimo.
Retirada dos projetos
O governo empenhou-se e conseguiu um acordo com os aposentados para evitar a votação, na Câmara, de um conjunto de propostas do senador Paulo Paim, já aprovadas no Senado. Entre elas estava o fim do fator previdenciário (cálculo que leva em conta tempo de contribuição e idade no momento da aposentadoria), medida adotada pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso que prejudica os trabalhadores.
No lugar das quatro propostas, o governo sugeriu apresentar um substitutivo global sobre todos os assuntos, entre eles, o que extingue o fator previdenciário. Segundo o deputado Pepe Vargas (PT-RS), relator do projeto pelo fim do fator previdenciário, ficaria de fora do substitutivo apenas o Projeto de Lei que prevê a concessão de aumentos retroativos aos aposentados.
O governo concordou em não mexer no Projeto de Lei que vincula o reajuste das aposentadorias ao salário mínimo. A matéria permanece no Congresso, mas com o compromisso dos líderes de não votar em 2010, disse o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical.
Tempo para mudança
O deputado Pepe Vargas vai elaborar o substitutivo global contendo as duas medidas para os reajustes e incluir as mudanças compensatórias propostas pelas centrais sindicais, como contagem do tempo de recebimento do seguro-desemprego e do aviso prévio como tempo de contribuição; garantia de emprego nos 12 meses anteriores à aposentadoria; e substituição do fator previdenciário pela regra 85/95, segundo a qual as mulheres terão direito de aposentar-se quando a idade e o tempo de contribuição totalizarem 85 anos, e os homens, 95 anos.
O deputado estima que a Câmara deverá votar o texto daqui a algumas semanas, já que o relator necessitará de tempo para produzir o substitutivo com todas as mudanças. Para vigorar em 2010, o projeto precisa ser votado ainda este ano.
De Brasília
Márcia Xavier
Com agências