Carlin Moura é destaque na Revista Cidade

O deputado estadual Carlin Moura é destaque na edição especial da revista Cidade. A publicação, que comemora o 98º aniversário de Contagem e sua 30ª edição, trouxe uma entrevista de quatro páginas com o deputado Carlin. Confira, abaixo, a íntegra da matéria, intitulada “Da padaria à Assembleia

carlin

Nascido em Virgolândia, no Leste mineiro, penúltimo dos 13 filhos do casal Isis de Moura Soares e Valentim Soares de Andrade (já falecido), o deputado estadual Carlos Magno de Moura Soares, conhecido como Carlin Moura, teve uma passagem por Nacip Raydan (MG), se mudando com a família nos anos 1970 para o bairro Amazonas, na divisa de BH com Contagem, onde reside até hoje. Iniciou os estudos no Polimg, no Madre Gertrudes, indo em seguida para a Escola Estadual Leon Renault, na Gameleira, e, posteriormente, ingressou no Cefet/MG, se formando no Curso Técnico de Eletrônica. Em 1987, foi aprovado no vestibular da PUC Minas para cursar Jornalismo e, no ano seguinte, passou para Direito, na UFMG, conseguindo obter as duas graduações. Enquanto isto, de 1983 até 1989, trabalhava como balconista na Padaria Pai-Pai no bairro Amazonas, sendo que em 1992 ingressou, como estagiário acadêmico, no Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, ali permanecendo até 2006. Desde 1998, atua como advogado no Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro), estando atualmente afastado das funções para o exercício do mandato parlamentar. Com forte atuação sindical e no meio estudantil – chegando a ser vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), com o mesmo empenho atuava nas questões de sua comunidade, que rapidamente o transformaram em forte liderança, sobretudo entre os jovens, o que traçou seu caminho natural para a política.

Como o funcionário de uma padaria entrou para a política, até chegar ao cargo de deputado estadual e pleitear o posto de prefeito de Contagem?

O início de minha experiência política se deu no movimento estudantil da Faculdade de Direito da UFMG, onde participei do Centro Acadêmico Afonso Pena, do Diretório Central dos Estudantes e ainda fui vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nasci na pequena cidade de Virgolândia, no Vale do Rio Doce. Sou o penúltimo dos 13 filhos de um casal de lavradores. Com seis anos de idade começei a ser alfabetizado. Aos nove anos já havia concluído a 4ª série. Em função da pouca idade da época, fiquei impossibilitado de se matricular no Ginásio, hoje o ensino fundamental, de minha cidade natal. Para continuar os estudos, mudei-me sozinho para a a cidade vizinha de Nacip Raydan. Tinha apenas 10 anos de idade. Em 1979, em função das fortes chuvas que caiu na época, fiquei impossibilitado de retornar a minha cidade natal. Precisei me matricular em uma escola em Belo horizonte. Em 1983 Carlin adotei Contagem como minha cidade. Trabalhei como balconista na padaria "Pai Pai", no bairro Amazonas, onde fiquei até 1989 e me tornou conhecido pelos moradores. Foi nessa mesma época que ingressou na PUC Minas para cursar Jornalismo. Um ano depois, fiz vestibular na UFMG e fui aprovado para o curso de Direito. Me desdobrava para dividir meu tempo de estudo entre a UFMG e a PUC. A aprovação na UFMG foi um marco de minha aproximação com o movimento estudantil, foi a porta de entrada para a militância política. Em Contagem me amadureci polituicamente. Advogado do Sindicato dos Metalúrgicos e dos Petroleiros, passei a conviver diariamente com as necessidades dos trabalhadores, despertando-me cada vez mais a vontade de ajudar. Em 2000, participei de minha primeira eleição para vereador e mesmo sem alcançar a vaga na Câmara, aprendi grandes lições daquele momento. Aprendi com as derrotas a me fortalecer e saber o momento certo da vitória. Sempre acompanhando de perto os problemas de Contagem, disputei pela segunda vez, uma cadeira na Câmara Municipal. Foi nessa eleição que tive a oportunidade de me apresentar melhor para a população. E a população contagense me elegeu Vereador em 2004 com 3.668 votos. Em 2006, o PCdoB apresentou-me um novo desafio: integrar a chapa de candidatos à deputado estadual. Tendo na bagagem um elogiado mandato de vereador, aceitei o chamado. A minha eleição a deputado se deu graças ao reconhecimento das diversas categorias de trabalhadores que entraram pra valer na campanha, com destaque para os jovens. A juventude sempre esteve comigo, isso marcou minha campanha e marca minhas ações política até hoje. É com essa rica e bonita trajetória que me tornei deputado estadual, com 21.048 votos, sempre com o compromisso de lutar para melhorar a vida do povo pobre, humilde e sofrido de Minas e de Contagem. Minha luta pelos menos favorecidos, me mantém constantemente na busca por espaços de participação popular e de inclusão social. Em 2008 Carlin assumi mais um desafio: disputar a prefeitura da segunda maior cidade de Minas – Contagem. Não fui eleito, mas consegui votação expressiva que me deu o 3º lugar nas eleições, ficando a frente até mesmo de candidato que já foi prefeito da cidade. Foram quase 35 mil votos, que me garantiram espaço na prefeitura, tornado-me no segundo turno, um dos principais apoiadores da vitoriosa campanha da prefeita Marília Campos. Hoje, procuro de colocar como um parceiro e articulador da prefeitura de Contagem. Estou sempre buscando alternativas que ajudem a prefeita Marília Campos a fazer de Contagem uma cidade mais justa e igualitária.

Quais os maiores desafios enfrentados nos primeiros passos na política?

Os primeiros desafios foi vencer as barreiras que a vida impõe a um jovem que nasceu com uma pequena deficiência física (nasci faltando o antebraço esquerdo) e que veio de uma cidade pequena do interior para estudar e vencer na vida. Venci os desafios com muito trabalho, disciplina, estudo e, acima de tudo, apoio integral de minha família, de forma muito especial de meus irmãos mais velhos, que me acolheram como filho.

Por que a filiação ao PCdoB?

A minha filiação ao PCdoB se deu porque acredito que é possível construir uma sociedade, um regime político, que combine desenvolvimento com preservação do meio-ambiente e qualidade de vida para o povo. Acredito num sistema político alternativo, que poderá, retomar os avanços civilizacionais da humanidade.

Como foi chegar à vereança, por um partido tão pequeno em Contagem?

Toda conquista de espaço na política, depende da nossa sintonia com a luta do povo. Minha eleição para Vereador foi resultado de luta maior do povo brasileiro. Vivemos nos anos 1980 e 1990 as chamadas “década perdida’ e “década roubada”. A todo custo buscaram liquidar o “Estado desenvolvimentista”. O legado, corretamente, é alcunhado de “herança maldita”. Desmonte do Estado Nacional, privatização criminosa e corrupta do patrimônio público, desnacionalização da economia e aprofundamento da dependência externa. No plano político, a democracia foi maculada pelo autoritarismo e pela mutilação da Constituição de 1988. No plano social, cortou direitos trabalhistas e a degradação social agravou-se. Implementou a liberalização da economia e deu livre curso à financeirização. A economia foi atolada na semies tagnação. A Nação é aviltada, retroage. A vitória de Lula para presidente da República, em 2002, é um marco na história recente. A decadência nacional começou a ser revertida e a resistência ao neoliberalismo passou a se realizar em melhores condições. Numa dinâmica de acirrada batalha política, mesmo com limitações, o país voltou a se desenvolver. A democracia floresceu, a soberania foi fortalecida e o povo obteve conquistas. Essa mudança no cenário político nacional, ajudou a mudar os rumos aqui também em Contagem. Elegemos em 2004 a primeira Prefeita de esquerda da cidade, Marília Campos, e nesse bojo, fui eleito vereador. Nesse processo o PCdoB também cresceu muito. Hoje não podemos mais dizer que trata-se de um pequeno partino. O PCdoB em Contagem e no Brasil passou a ser um partido de porte médio. Neste terreno ganha expressão especial a fundação da CTB, Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, em dezembro de 2007, na qual atuam os comunistas, originada de uma articulação entre a antiga CSC, até então atuante no interior da CUT, a corrente SSB, ligada ao PSB, e outras forças democráticas e independentes. A CTB vem se fortalecendo continuamente podendo aglutinar maiores parcelas do movimento social. A Coordenação dos Movimentos Populares (CMS), unificando os movimentos sociais mais combativos, tem sido protagonista, ao lado das centrais sindicais, de importantes mobilizações populares nas quais se destacam o movimento estudantil, secundarista e universitário, liderados pela UBES e pela UNE, e o movimento comunitário, principalmente a CONAM, entre outros. Também temos atuação destacada entre a juventude, onde procuramos dotar os movimentos juvenis de uma linha política justa. O Partido, através da União da Juventude Socialista (UJS), atua em todos os movimentos juvenis, destacadamente entre os movimentos estudantis, universitário e secundarista, de jovens trabalhadores, de jovens cientistas, de jovens artistas, e de jovens dos movimentos culturais e comunitários das periferias. Nos últimos anos conquistamos êxitos significativos no trabalho com jovens. Nosso partido tem forte presença de jovens em sua militância, com um pensamento próprio e original sobre a juventude.

No período como vereador, quais os principais projetos apresentados e aprovados?

Como Vereador, tive atuação destacada na melhoria das condições de trabalho e salarial dos conselheiros tutelares. Apresentei indicativo que deu origem ao programa sem limite (transporte de deficientes e pessoas com dificuldade de locomoção). Ajudei a fazer o enfrentamento político com as forças do retrocesso, ajudando a prefeita Marília nos seus primeiros anos de governo a consolidar um projeto republicano de governo, combatendo os privilégios e “jeitinho brasileiro”. Fiz a lei que colocou a gincana e a banda mole no calendário oficial de Contagem. Foi de minha iniciativa os indicativos para criação da ouvidoria da saúde, da controladoria do município, o portal e diário oficial on-line, e para a instalação do supermercado extra em Conta gem. Atuei no orçamento participativo para aprovar a passarela sobre a BR 381 no bairro Amazonas, para revitalizar a Praça Marília de Dirceu e a Avenida Alvarenga Peixoto. Fui o primeiro a solicitar a alça que liga a Avenida Castelo Branco a Avenida Babita Camargos. Defendi os feirantes e os vendedores ambulantes. Sempre defendi os professores e servidores públicos. Enfim, tive um mandato de vereador, que considero, foi bastante dinâmico. Ajudei Contagem a ver a política com outros olhos, valorizando a ética e a participação popular.

E o passo seguinte, conquistar a vaga na Assembleia? Como isso ocorreu, em sua visão?

A conquista da vaga de Deputado Estadual, tem a ver com o meu trabalho de Vereador, bem como com o trabalho da Prefeita Marília Campos e, especialmente, com o trabalho do Presidente Lula. Minha eleição a Deputado veio junto com a conquista do segundo mandato do Presidente Lula em 2006. A reeleição de Lula foi alcançada em 2006 porque o governo conseguiu responder aos anseios imediatos de extensa base social, o presidente conquistou proeminente liderança popular e foi possível formar uma ampla base política e social para a vitória. O segundo governo — em melhores condições e circunstâncias — dá passos mais largos na realização do Projeto nacional, alcançando maior ritmo de desenvolvimento, executando grande plano de infraestrutura para o país, o PAC, imprimindo maior esforço de resistência às imposições da agenda neoliberal. Diante da insurgência da grande crise do capitalismo nesses dois últimos anos, procurou preservar a economia nacional, e num diálogo constante com as Centrais Sindicais, fazer gestões para defesa do emprego e garantia de aumento real do salário-mínimo. Diante da crise de grande dimensão o movimento social começa a adquirir maior protagonismo e politicamente cresce a necessidade da reconstrução do pacto político, para dar vez ao trabalho e à produção, superando a camisa de força neoliberal, e abrir caminho para uma alternativa mais avançada. O PCdoB e as forças de esquerda e democráticas cresceram nas eleições gerais de 2006 e deram grandes passos nos pleitos municipais de 2008.

Na Assembleia, quais os principais projetos apresentados e quais os que já foram aprovados ou estão em via de ser?

Na Assembleia, considero como uma das principais vitórias como parlamentar a aprovação do projeto de Lei que institui a Bolsa Atleta estadual e a realização do Fórum Técnico do Plano Decenal de Educação de Minas. No primeiro, alunos com bom rendimento esportivo poderão receber um auxílio para desenvolver suas habilidades esportivas. No Fórum, que aconteceu durante março a maio de 2009, foram debatidas com entidades, movimentos e a população, as demandas e as diretrizes que orientarão a educação em Minas pelos próximos 10 anos. Nosso mandato é um “Mandato Participativo”, com abertura para o povo de Minas exercer sua “Cidadania Plena”. É uma constante busca por lutas, participação e efetivação de propostas que levam à população igualdade e melhoria nas condições de vida. Cada um pode contribuir de sua maneira.

Dentre os projetos apresentados, quais os que beneficiaram ou poderão vir a beneficiar direta ou exclusivamente Contagem?

Aprovamos o projeto de lei que cria a política de assistência para os portadores de epilepsia. Temos também projetos para devolver para Contagem os CESU’s e o Parque Fernão Dias. Ajudamos a Prefeita na renegociação dos contratos com a COPASA, que possibilitou a retomada das obras de canalização de córregos e construção de avenidas sanitárias.

Nas eleições para prefeito, em 2008, como e por que foi montada a coligação com o PV?

Mais uma vez foi o protagonismo e a ousadia do PCdoB que nos levou a disputar mais uma eleição em 2008. Conforme avaliamos à época, deveríamos oferecer a cidade mais uma alternativa de poder para que se tivesse continuidade e aprofundamento do ciclo progressista aberto com a eleição de Marília Campos para Prefeitiura de Contagem. Tivemos muitas propostas de coligação. Mas nossa maior preocupação era coligar com um partido sério, que tivesse uma história política na cidade, para podermos governar juntos, que falasse a mesma língua. Depois de várias conversas o melhor partido para coligação majoritária foi o PV que indicou seu representante o Jander Filaretti como vice de nossa chapa.

O resultado, apesar de não ser o desejado, foi muito decepcionante, ou entende que foi natural, pelo histórico político da cidade?

Pelo contrário, saímos vitoriosos das urnas, pois como foi dito anteriormente, fomos ousados de lançar uma candidatura com meu nome a prefeito sendo que há 4 anos eu estava assumindo o cargo de vereador pela primeira vez na cidade. Sabia das dificuldades que iria ter que superar. Fizemos uma campanha com pouco recurso financeiro, e dos 6 candidatos que enfrentei 3 deles já tinham ocupado o cargo de Prefeito do Município. Vários partidos e candidatos que competiram tenham uma estrutura financeira melhor. Nossa campanha foi feita no corpo a corpo, na raça, no trabalho, contando com a militância do partido, com o povo, com os trabalhadores. Ficamos em terceiro lugar com uma expressiva quantidade de votos, por isso acho que não foi decepcionante e sim que a semente está plantada.

O que o levou, no segundo turno, a apoiar a candidatura da prefeita Marília Campos?

A Prefeita é uma companheira que aprendi a respeitar e que tem me ensinado muitas coisas. Sei que há muito ainda a fazer por Contagem, mas Marília tem feito um belo trabalho e a cidade avançou bastante. Como morador e cidadão de Contagem quero o melhor para a cidade, e acho que estamos no caminho certo e podemos avançar muito mais, as urnas provaram isso. A população de Contagem está mostrando que está de olhos abertos e não quer voltar ao passado e sim seguir em frente.

Como está sendo esta convivência?

Nossa relação é muito boa, estamos conversando e nos encontrando sempre nas atividades. Hoje me coloco a disposição de aproximar o governo do estado com o governo de contagem, em busca de melhorias para a cidade. Acho que a Prefeita aprendeu muito também no seu primeiro mandato. No nosso trabalho a frente da Regional Industrial e da Secretária de Esportes procuramos sempre estar em sintonia com o modo de governar da Prefeita. Reformamos o poliesportivo do Riacho que já trouxe o campeonato brasileiro de ginástica para cidade, jogos importantes de futsal e vólei, inclusive da seleção brasileira. Vamos reformar os campos de várzea em contagem. Breve vamos inaugurar o ginásio de HOckey na Firmo de Matos. A corrida da João Césár que foi um sucesso. o Petisco de Buteco do Industrial foi ótimo. Estamos acompanhando as soluções dos problemas dos bairros Amazonas e Industrial. Temos ajudado ao máximo governar Contagem.


Dentro dos projetos que pretendia implementar, caso tivesse sido eleito prefeito, qual o que já foi abraçado pela atual administração?

A revitalização da Avenida Alvarenga Peixoto, no bairro amazonas.

Com sua efetiva participação, sente reforçada a posição de garantia de reeleição?

Garantia na politica não existe. Apenas quando abre as urnas que sabemos se o trabalho foi aprovado ou não. O que eu e minha equipe temos que fazer é trabalhar com honestidade, transparência e fazendo o melhor para o povo. Só assim conseguiremos a reeleição, caso isso seja o melhor para o povo. Mas eu acredito no povo e tenho fé em Deus.

Embora ainda seja muito cedo, pretende novamente colocar seu nome para avaliação da cidade para ocupar o Palácio do Registro nas eleições de 2012?

Ainda é cedo para falar disso realmente. Espero poder fazer um trabalho em prol da população até lá, e que também todos possam analisar os trabalhos que estão sendo feitos e quando chegar perto da eleição não votem por votar e sim por saber o que cada um pode fazer pela cidade. 2010 será o divisor de águas para 2012, os resultados das eleições posicionarão os que pleiteiam governar a cidade. Até lá pode surgir outros nomes. Está tudo ainda em aberto. Vamos continuar trabalhando com honestidade que o retorno virá.

Entrevista – Jornalista Gleno Rocha/Revista Cidade