Sem categoria

Enviado da OEA vê chance de "diálogo concreto" em Honduras

Após conversar com o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, e o golpista Roberto Micheletti, o enviado da OEA (Organização dos Estados Americanos), John Biehl, disse nesta quinta-feira (1º) que teve "uma resposta muitíssimo mais construtiva que antes por parte do governo de Micheletti". Biehl, porém, cobrou "um diálogo dirigido para coisas concretas. No dia 7chega a Tegucigalta uma delegação da OEA, tendo à frente seu secretário-geral, Miguel Insulza, visando superar a crise criada pelo golpe.

"Estive em uma reunião de três horas e meia na embaixada do Brasil, com o presidente Zelaya. Ele me entregou uma carta onde reafirma absolutamente sua vontade de participar em um diálogo real e efetivo. Também tive uma resposta similar, muitíssimo mais construtiva que antes por parte do setor do governo de Micheletti", disse o diplomata e ex-ministro chileno.

Biehl apontou a perspectiva de uma "mesa de diálogo" entre Zelaya e Micheletti, apoiada e fiscalizada por chanceleres latino-americanos e por Insulza. Fez porém uma advertência:

"Não pode ser um diálogo eterno. Não pode ser um diálogo que seja confundido com uma estratégia para prolongar as coisas. Tem que ser um diálogo dirigido para coisas concretas. De outra maneira, não será acompanhado pelos chanceleres, nem pela OEA."

Biehl fazia parte de uma m9issão de quatro funcionários da OEA encarregada de fazer os preparativos para a visita de Insulza. Os outros três, porém, foram sumariamente expulsos do país assim que desembarcaram no aeroporto de Tegucigalpa, no sábado passado (26). A medida truculenta aumentou o isolamento internacional do governo golpista.

Zelaya: "Voltei porque sou inocente"

O diplomata sublinhou que provavelmente nunca houve na América Latina um caso como o de Zelaya, um presidente deposto que volta a seu país para refugiar-se numa embaixada. "É uma situação inédita e absolutamente inesperada. Não há nada que possa indicar ou provar que isso foi planejado pelo governo do Brasil. Este problema poderia ter ocorrido a qualquer embaixador, a quem se apresentasse de repente um presidente que foi tirado do país, e peça abrigo", disse Biehl.

Depois de qualificar de "excelente" a conversação com Zelaya, o enviado da OEA informou: "Falamos de todos os temas necessários. Fiquei muito alentado, no sentido de que é possível esse diálogo", afirmou. Disse ainda que encontrou em Zelaya "uma disposição muito favorável".

O presidente deposto, por sua vez, comentou: "A solução desta crise passa por minha recondução, pelo respeito à democracia. E estou disposto comparecer aos tribunais, respopnder às acusações que existem contra mim. Não tenho problemas quanto a isso. Por isso voltei, porque sou inocente", frisou Zelaya.

Da redação, com agências