Zelaya cobra sua restituição até dia 15 de outubro
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, cobrou nesta quarta-feira (07), que sua restituição seja feita até o dia 15 de outubro para que as eleições do dia 29 de novembro possam ser realizadas. A declaração de Zelaya foi feita momentos antes do encontro entre os seus representantes e a delegação do governo de facto, liderado por Roberto Micheletti, na reunião intermediada pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Publicado 07/10/2009 15:41
O presidente deposto fez um alerta aos chanceleres internacionais que participariam do encontro de que "o regime de fato planeja pemanecer mais tempo no poder e aprofundar a crise, ao negar-se a restituir o presidente eleito pelo povo".
"Advertimos que a restituição do presidente deve ser feita até 15 de outubro", declarou, alegando que, do contrário, não haveria tempo para uma campanha eleitoral garantida pela existência de um governo constitucional", disse Rasel Tomé, assessor de Zelaya, lendo um comunicado do presidente deposto.
Tomé lembrou que a lei eleitoral garante três meses de campanha, que começaram a valer em 1º de setembro, como garantia de igualdade entre os partidos. No comunicado, Zelaya cobrou "o cumprimento das resoluções aprovadas por unanimidade" pela OEA e pela ONU, que exigiram sua restituição e o retorno da constitucionalidade em Honduras.
Momentos depois, Zelaya pediu aos chanceles que não se deixem manipular por argumentos do governo golpista e solicitou que se mantenham firmes em sua posição de lutar pelo restabelecimento da ordem constitucional em Honduras. "Pedi que se mantenham firmes de de nenhuma maneira cedam a alguém que dá um golpe de Estado e é cúmplice de assassinatos", disse Zelaya, em uma entrevista coletiva na emabixada do Brasil em Tegucigalpa.
O mandatário denunciou que foi reprimida uma manifestação nos arredores da sede diplomática e lamentou que, por meio da violência, o regime de Micheletti ponha em evidência que ele não vai aceitar o acordo de São José. "Hoje vai ficar evidente a má fé e má vontade dos que dirigem Honduras, que não querem reverter o golpe. Nós, de forma firme, seguiremos em batalha de maneira permanente", expressou.
A respeito das ações violentas do governo, zelaya disse que o diálogo começa com "maus agouros". Segundo ele, o que os golpistas fazem não ficará impune antes os "olhos do mundo". A comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que irá tentar negociar um fim para a crise política em Honduras desembarcou na manhã desta quarta-feira na capital do país, Tegucigalpa.
A primeira conversa do processo de negociação em Honduras aconteceria nesta tarde, com a participação do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, cinco chanceleres de varios países da América Latina (Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, México), o sub-secretário de Estado norte-americano para América Latina, Thomas Shannon, e de três representantes de Roberto Micheletti e Manuel Zelaya.
A esta reunião se unem os vice-chanceleres do Canadá, da Jamaica, dos Estados Unidos, do Panamá, da República Dominicana e o secretário de Estado para a Ibero-américa da Espanha. A Telesur confirmou hoje que o governo de Micheletti pretende propor entregar o cargo não a Zelaya, mas a uma terceira pessoa até que se realizem as eleições, o que vai contra o que defende a própria OEA e toda a comunidade internacional.
Os aliados de Zelaya e os movimentos populares consideram inaceitável esse ponto, porque significaria avalizar o golpe de Estados em Honduras. A expectativa é grande em torno dos resultados da mesa de negociação, na qual se discutirá novamente o Acordo de São José – que prevê a restituição imediata de Zelaya -, as eleições presidenciais, a anistia e o retorno de Zelaya, que se daria com poderes limitados e sob a observação da comunidade internacional.
Alguns analistas têm avaliado alguns passos de Micheletti nos últimos dias como um recuo devido aos enfraquecimento nos seus apoios. Entendem, então, que um acordo favorável a Zelaya estaria próximo. Como recompensa por deixar o poder, há vozes que defendem que Micheletti poderia ser liberado do status de ex-presidente uma vez que Zelaya reassuma o posto. Desta forma, ele retomaria seu mandato de deputado e poderia concorrer ao cargo em eleições futuras.
A Frente de Resistência ao Golpe tem manifestado que Zelaya deveria voltar com plenos poderes. Estava prevista para esta tarde uma mobilização pelas ruas de Tegucigalpa e uma concentração na embaixada dos Estados Unidos, para manifestar contra o governo de fato.
Com Telesur